11 Abril 2024
A vida continua difícil para os palestinos deslocados em Rafah, na fronteira de Gaza com o Egito. Segundo o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, já há uma data para uma nova ofensiva israelense.
A reportagem é de Tania Krämer, publicada por Deutsche Welle, 10-04-2024.
"Vai acontecer. Há uma data", disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em uma mensagem transmitida por vídeo na segunda-feira (08/04). Ele se referia aos planos de uma nova ofensiva militar israelense de larga escala em Rafah, a cidade mais ao sul de Gaza. Ele não deu maiores detalhes e nem uma data específica.
Nas últimas semanas, o premiê israelense disse repetidamente que a cidade na fronteira com o Egito é o último reduto do Hamas e que tal ofensiva é inevitável para declarar vitória sobre o grupo militante, que é listado como organização terrorista por diversos países.
O novo anúncio desafia as enormes críticas internacionais em relação aos planos de operações terrestres. Mais de um milhão de palestinos — mais da metade da população de Gaza — buscaram refúgio na cidade, que tem sido repetidamente bombardeada. Rafah é também o principal centro logístico de envio de ajuda a Gaza a partir do Egito.
Enquanto isso, no domingo, as forças terrestres da 98ª Divisão de Israel retiraram-se de Khan Younis, outra cidade do sul, deixando apenas uma brigada no norte de Gaza para controlar um corredor recém-criado no centro de Gaza separando o norte do sul. Moradores de Khan Younis, deslocados para Rafah, foram vistos voltando para ver o que restou da cidade.
"A operação da Divisão na área de Khan Younis seguiu seu curso e, na próxima fase, as FDI (Forças de Defesa de Israel) vão realizar mais operações baseadas em inteligência, como ataques direcionados", disse Guy Aviad, historiador militar e pesquisador, acrescentando que "a distância entre Israel e Gaza é muito curta, entre 2 e 4 quilômetros, eles podem entrar na área a qualquer momento".
Rafah deveria ser um lugar mais seguro, mas nunca foi, disse Loay Fareed, deslocado várias vezes com a sua família desde o início da guerra.
"Há bombardeios quase todos os dias, e a frequência aumenta a cada dia", disse Fareed, 46 anos, à DW por telefone de Rafah.
Fareed está entre cerca de 1,5 milhão de pessoas que atenderam ao apelo dos militares israelenses para evacuarem para o sul de Gaza – especificamente Rafah, a cidade mais ao sul de Gaza, na fronteira com o Egito. Isto foi para evitar a operação militar contra o Hamas, o grupo militante islâmico que realizou os ataques de 7 de outubro e fez 240 pessoas como reféns. A ofensiva planejada contra a cidade ofuscou a luta diária pela sobrevivência.
"Meus filhos estão assustados com a notícia que fala de uma invasão iminente da cidade. Eles me perguntam o que faremos e para onde iremos, mas não tenho resposta para eles".
Antes da guerra, a pequena cidade abrigava cerca de 250 mil pessoas e era mais conhecida por sua passagem de fronteira com o Egito. Agora quase não há espaço dentro dos limites da cidade, pois os residentes de outras partes de Gaza procuraram abrigo lá, partilhando casas, vivendo em tendas ou carros ou dormindo em acomodações improvisadas na calçada.
"A vida que levamos em Rafah é indescritível. É uma vida de deslocamento, uma vida que se pode chamar do que quiser, mas não é normal", disse Fareed.
A cidade parece "estrangeira”, disse ele. "Não estamos em nossa casa, nem em nossa vizinhança, nem entre nossos vizinhos ou amigos. Não podemos continuar assim por muito mais tempo."
(Foto: Anadolu Agency)
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Pouca chance de fuga para os residentes de Rafah - Instituto Humanitas Unisinos - IHU