Vaticano mantém silêncio estrito sobre repressão à Igreja na Nicarágua

Foto: Vatican News

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20 Março 2024

Já se passou exatamente um ano desde que o presidente Daniel Ortega, da Nicarágua, expulsou o embaixador papal no país centro-americano.

A reportagem é de Loup Besmond de Senneville, publicada em La Croix International, 18-03-2024. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O dia 17 de setembro de 2023 é uma data que já está gravada na história da Igreja Católica na América Latina. Foi quando o presidente Daniel Ortega, da Nicarágua, expulsou o núncio papal e forçou a Santa Sé a fechar sua nunciatura em Manágua.

A medida marcou mais um passo nas tensões que têm caracterizado as relações cada vez mais difíceis entre a Igreja e o país centro-americano. No entanto, o Vaticano não emitiu nenhuma declaração no primeiro aniversário desse triste acontecimento. E por uma boa razão: a Secretaria de Estado proibiu terminantemente qualquer comentário sobre o assunto.

“É uma situação muito difícil”, comentou sobriamente uma fonte vaticana. “Não temos permissão para falar sobre isso.”

Mas o colapso quase total das relações diplomáticas entre a Nicarágua e a Santa Sé não foi a única pressão que o regime de Ortega impôs à Igreja. Várias comunidades religiosas católicas também foram expulsas, e as atividades da Igreja foram fechadas.

O bispo Rolando Álvarez, de Matagalpa, uma importante figura da oposição ao regime de Ortega, foi libertado após mais de um ano de prisão no dia 14 de janeiro e expulso para o Vaticano. Outro bispo, 15 padres e dois seminaristas foram expulsos junto com ele. A Secretaria de Estado da Santa Sé ordenou-lhes que também observassem a máxima discrição. E ninguém parece saber onde eles estão exatamente na Itália neste momento.

A cautela do Vaticano surpreendeu muitos diplomatas renomados em Roma. Mas há uma razão muito específica para isso: evitar represálias contra os católicos que ainda estão na Nicarágua. Isso porque a Santa Sé sabe que a mais leve palavra sobre o assunto, quer seja proferida pelo papa ou por qualquer outro funcionário do Vaticano, pode pôr diretamente em perigo a vida dos católicos que estão a quase 10.000 quilômetros de Roma.

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