24 Novembro 2023
Depois do caso assumir proporções nacionais, a pastora Dr.ª Annette Kurschus, 60 anos, apresentou, na segunda-feira, 20, o pedido de renúncia de todos os cargos eclesiásticos que ocupava: a direção da Igreja Evangélica Territorial da Westfalia e a presidência do conselho da Igreja Evangélica da Alemanha (EKD). Ela foi acusada de acobertar denúncias de abuso sexual contra ex-colega, quando ela era pastora na comunidade de Siegen, na década de 1990.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Os acontecimentos aconteceram rapidamente nos últimos, disse Kurschus em entrevista coletiva. “O que inicialmente era uma questão puramente local e regional virou um caso de importância nacional. Entretanto, a situação tornou-se tão grave que só há uma consequência para evitar danos à minha igreja: a demissão de ambas as posições de liderança”.
A denúncia foi publicada no jornal Siegener Zeitung. Ela teria sido informada nos anos 90 sobre abusos de um ex-colega, mas não tomou nenhuma medida. O acusado está sendo investigado pela polícia.
Na entrevista coletiva, ela explicou: “O meu esforço sincero para proteger os direitos pessoais – mesmo as pessoas acusadas e as suas famílias são e continuam a ser pessoas com direitos! – é criticado como falta de transparência, como uma tentativa de salvar a minha própria pele ou proteger o meu ministério eclesiástico. Isso é tanto mais amargo porque nunca – e sublinho isso expressamente – nunca foi uma questão de fugir à minha própria responsabilidade, omitindo fatos importantes, encobrindo fatos ou mesmo encobrindo um arguido”.
Com a demissão de Annette Kurschus “estamos perdendo uma teóloga e pregadora brilhante na presidência”, lamentou o vice-presidente do setor de teologia da igreja territorial, Ulf Schlüter. Também o presidente da conferência dos bispos católicos alemães, dom Georg Batzing, lastimou a renúncia. “O ecumenismo na Alemanha perde um motor essencial”, frisou para a Agência France Press.
Annette Kurschus é a segunda mulher a ocupar um cargo de liderança na EKD. Natural de Obersuhl, ela concluiu o ensino médio em Siegen e foi estudar Medicina por um breve período, mudando então para a Teologia. Em 1989, assumiu a paróquia de Siegen. Foi para a direção da igreja territorial em 2012 e eleita presidenta do Conselho da EKD em 2021. Em 2019, recebeu o título de Honoris Causa em Teologia pela Universidade Wilhelms de Westfalia. Também é coeditora de duas revistas protestantes: Chrismon e Zeitzeichen.
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Acusada de acobertar denúncia de abuso sexual, líder protestante renuncia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU