15 Novembro 2023
No próximo ano, 81 países no mundo realizarão eleições. Será, na análise da Organização das Nações Unidas para Ciência, Educação e Cultura (Unesco), um ”super ano eleitoral”. Com base nos históricos, ela alerta sobre agressões a jornalistas. Entre 2019 e 2022 foram registrados 759 ataques contra profissionais da imprensa durante 89 eleições em 70 países.
A reportagem é de Edelberto Behs.
“A Unesco está dizendo: olha, nós estamos documentando que há uma tendência de que a violência contra jornalistas cresça durante processos eleitorais. Então, já sabendo disso de antemão, como evidências muito concretas, façamos um esforço genuíno para que, no próximo ano, a cobertura dos processos eleitorais possa se dar de maneira pacífica e que jornalistas possam fazê-la com profissionalismo e independência”, explicou o diretor da seção Liberdade de Expressão e Segurança de Jornalistas da agência, o brasileiro Guilherme Canela, em entrevista para o ONU News.
As agressões registradas pela Unesco vão desde ataques físicos, assassinatos, prisões arbitrárias até ataques digitais e obstrução do trabalho dos jornalistas, seja através de ameaças ou destruição de equipamentos.
A desinformação é outra causa de preocupação da Unesco. A inteligência artificial degenerativa acrescentou novos fatores ao processo, que está sendo denominado os quatros “Vs”: velocidade, volume, viralidade, verossimilhança. “Uma das maneiras de combater essa desinformação é com trabalho jornalístico profissional de qualidade”, disse Canela.
A Unesco lançou, no Dia Internacional do Fim da Impunidade por Crimes contra Jornalistas, 2 de novembro, o relatório “O Papel dos Agentes de Aplicação da Lei: Garantir a Segurança dos Jornalistas Durante Manifestações Públicas e Eleições”. Uma mensagem central do documento destaca a necessidade de líderes, políticos, religiosos e celebridades pararem de propagar narrativas generalizantes contra o jornalismo ou jornalistas, pois evidências apontam que elas estimulam a violência contra profissionais da mídia.
O relatório aponta que 42% das agressões contra jornalistas durante períodos eleitorais em 101 países, de janeiro de 2015 a agosto de 2021, foram cometidas por forças policiais e de segurança. “Os jornalistas – entende a Unesco – devem atuar como os árbitros num campo de futebol: suficientemente próximos da ação para observá-la, mas não tanto para interferir no jogo. Ambas as partes devem reconhecer que, embora no campo privado tenham suas simpatias, jamais devem manifestar abertamente o seu apoio a um ou outro lado com seus movimentos, ações ou diálogos, por exemplo, ao erguer os punhos ou entoar cânticos”.
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Unesco: jornalistas são como árbitros de futebol - Instituto Humanitas Unisinos - IHU