27 Outubro 2023
Em Roma, o fórum organizado pela União Internacional das Superiores Gerais que reuniu famílias religiosas e organizações empenhadas no desenvolvimento. "Juntos para ajudar as comunidades locais em nome de um diálogo social".
A reportagem é de Igor Traboni, publicada por Avvenire, 25-10-2023.
A Irmã Nieves Crespo coordena o projeto intercongregacional sobre as migração na Etiópia e trouxe a experiência de quem vive todos os dias no campo as expectativas, esperanças e dificuldades de centenas de pessoas ansiosas por chegar à Europa: em primeiro lugar, informando-as de maneira segura e confiável em matéria de migração, em relação às tantas falsas promessas que circulam, e depois acompanhando-as de forma concreta, por exemplo ajudando os jovens ou as mulheres sozinhas a encontrar trabalho para viver em segurança.
As irmãs que chegaram de Bornéu, da Malásia, mas sobretudo da Amazônia, por sua vez falaram sobre os desafios que enfrentam no tema das mudanças climáticas, incluindo aquelas que em nível global são citadas com sucessos mas, em nível local, se mostram como falsas soluções, como por exemplo as multinacionais que vendem créditos de captura de carbono e que na realidade tiram terras das populações locais, permitindo que se continue destruindo o planeta em troca de um pagamento que para as multinacionais é bem pequeno, mas que neste interim – relataram as religiosas – tira espaço, terra e vida das populações locais.
E essas são apenas algumas das narrativas que emergiram do primeiro Advocacy Forum da UISG, a União Internacional das Superioras Gerais, organização que representa mais de 600 mil religiosas no mundo, que foi realizado na segunda e terça-feira em Roma, na Cúria Geral dos jesuítas, em colaboração com o Fundo de Solidariedade Global. Uma iniciativa que é o ponto de chegada, mas também e sobretudo de nova partida, do projeto “Sisters Advocating Globally”, nascido há três anos para criar uma rede de freiras engajadas na defesa social e ambiental e espaços de reflexão sobre algumas questões-chave do desenvolvimento internacional: mudanças climáticas e perda de biodiversidade, pobreza, desemprego e desigualdades sociais, migração forçada e tráfico de seres humanos, crises sanitárias e violações dos direitos humanos.
Cerca de uma centena de participantes de todo o mundo reuniram-se em Roma, entre freiras e vários parceiros (representantes governamentais, organizações internacionais, instituições do Vaticano, sociedade civil e especialistas do mundo académico e da imprensa). “E ficamos muito felizes em ver o empenho e a participação convicta dos parceiros acolhidos – ouvindo as vozes das comunidades locais que aliás refletem o empenhos das religiosas em nível global – tanto para ouvir os desafios que se enfrentam, como também as muitas propostas de soluções que chegaram; por exemplo, eu participei de um grupo de trabalho que desenvolveu o tema de como promover a coesão social no contexto migratório através da integração e do diálogo", comentou na avaliação final a Irmã Mary John Kudiyiruppil, vice-secretária executiva da UISG, religiosa das Servas do Espírito Santo, indiana, que há cerca de um ano vive na Itália.
Mas obviamente o Fórum não ignorou o papel das religiosas na Igreja, portanto, também a sua contribuição para o processo sinodal em curso, como destacou Julia Isabel Cirillo, espanhola, coordenadora do projeto: “Esse Fórum quis representar precisamente uma plataforma e um exemplo de sinodalidade, com o esforço de interligar as relações que começamos a tecer nos primeiros três anos. O desenvolvimento da sinodalidade para nós se expressa por este caminho juntas: para entender como as freiras podem interagir com as outras pessoas de boa vontade que trabalham nos mesmos temas, o que o mundo do desenvolvimento pode aprender com as freiras, qual é o valor a mais que as religiosas podem aportar tanto da sua espiritualidade como dos ensinamentos angariados no campo e o que a UISG pode aprender com esses parceiros".
“Conectando o local ao global por meio de redes dirigidas pelas freiras – destacou a Irmã Patrícia Murray, secretária executiva da UISG – pretendemos facilitar a comparação de diferentes vivências e uma troca de reflexões, para moldar as conversas sobre o desenvolvimento internacional em torno das necessidades das comunidades locais”.
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Dos migrantes à emergência climática. As religiosas trabalhando por um novo mundo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU