25 Outubro 2023
Em pouco mais de dez dias de “guerra” em Gaza, 16 jornalistas palestinos e três israelitas morreram, vários ficaram feridos e outros estão desaparecidos, contabilizou a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), organização que representa mais de 600 mil profissionais em 146 países.
A reportagem é de Edelberto Behs.
O secretário-geral da FIJ, Anthony Bellanger, apontou que “os trabalhadores da mídia em áreas de conflito armado devem ser tratados e protegidos como civis e autorizados a realizar o seu trabalho sem interferência”. Ele frisou que há um interesse intenso e preocupações em todo o mundo envolvendo esse conflito, “mas as pessoas só serão capazes de compreender o que realimente está acontecendo se os jornalistas puderem fazer o seu trabalho”.
O governo israelense aprovou, na sexta-feira, 20 de outubro, um novo regulamento que permite o encerramento temporário de canais noticiosos que prejudiquem a segurança nacional. “Embora o regulamento pareça visar a operação do canal Al Jazeera, do Catar, a FIJ teme que também possa ser usado para encerrar outros meios de comunicação que operam em Israel e nos territórios palestinos ocupados”.
Bellanger manifestou preocupação com a tentativa de Israel censurar a cobertura da mídia sobre o conflito em curso em Gaza, “usando a segurança nacional como uma desculpa para restringir a mídia crítica que não confirma sua narrativa da guerra em curso”. Isso representa um “claro ataque ao pluralismo dos meios de comunicação e ao direito do público à informação”. O secretário-geral da FIJ instou Israel e rever essa decisão.
Ataques aéreos israelenses destruíram total ou parcialmente sedes de vários meios de comunicação, como a redação do jornal Al-Ayyam, o estúdio da rádio Gaza FM, a sede da agência de notícias Shehab e o escritório da agência de notícias palestina Ma’na, localizado na Torre Al-Watan.
A FIJ também manifestou apreensão com o desaparecimento de jornalistas “que podem ter sido raptados pelo Hamas”, e exige sua imediata libertação. O jornalista aposentado Oded Lifshitz, 83 anos, é um dos reféns em mãos do Hamas. Ele foi levado de sua casa no Kibutz Nir Oz, perto da fronteira com a Faixa de Gaza, junto com sua mulher. Oded trabalhou, durante décadas, pela paz e pelo reconhecimento dos direitos palestinos.
O jornalista da rádio Al-Shabab, Muhammad Ali, foi morto por bomba israelense que atingiu a sua casa, no norte da Faixa de Gaza. Khalil Abu Ghthera, cinegrafista da TV Al-Aqsa, foi morto no bairro de Al-Nasr. Outras mortes confirmadas são as dos jornalistas Samih Al-Nadi, Isam Bahar, Mohammed Balousha, Abdul Hadi Habib, Hossam Mubarak, Ahmed Shehab, Mohammed Fayez Yousef Abu Matar, de 28 anos de idade, Said al-Taweel, Mohammed Sobboh, Hisham Nawajhah, Asaad Shamlakh, Mohammad Al-Salhi, Ibrahim Lafi, e Muhammad Jarghoun, todos na Faixa de Gaza.
O ataque do Hamas, no dia 7 de outubro, matou três jornalistas israelenses. Ayelet Arnin, 22 anos, e Shai Regev, 25 anos, foram mortos quando participavam do festival de música Supernova. O terceiro jornalista israelense morto é Yaniv Zohar, do jornal diário HaYom. Ele foi morto no Kibutz Nahal Oz, no sul de Israel, perto da fronteira com a Faixa de Gaza.
A FIJ lamenta e condena os assassinatos, tanto do lado palestino quanto do lado israelense.
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Conflito em Gaza mata 19 jornalistas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU