"Quando tudo mais falhar, saia e vá para a biblioteca". Comentário de Gianfranco Ravasi

Biblioteca do Vaticano | Foto: Vatican Media

Mais Lidos

  • Zohran Mamdani está reescrevendo as regras políticas em torno do apoio a Israel. Artigo de Kenneth Roth

    LER MAIS
  • “O capitalismo do século XXI é incapaz de atender às necessidades sociais da maioria da população mundial”. Entrevista com Michael Roberts

    LER MAIS
  • Guiné-Bissau junta-se aos países do "cinturão de golpes militares" do Sahel e da África Ocidental

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

19 Outubro 2023

Fundar bibliotecas é um pouco como construir celeiros públicos: acumular reservas contra o inverno do espírito que por muitos sinais vejo vindo.

O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, publicado por Il Sole 24 Ore, 15-10-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Toda a minha biografia foi acompanhada pelos livros, desde criança quando admirava e ouvia minha mãe com um livro na mão. Aliás, um arco importante da minha vida passou-se entre as estantes, repletas de textos preciosos, de uma biblioteca histórica, como a Ambrosiana de Milão, e agora posso aceder à beleza suprema da Biblioteca do Vaticano. Nestes tempos “invernais” em nível espiritual torna-se espontâneo para mim repetir as palavras do Imperador Adriano criadas por Marguerite Yourcenar. Em anos em que o número de leitores parece afinar-se cada vez mais, sobretudo entre os jovens de olhos fixos apenas na tela de um computador ou de um celular, é necessário fazer ressoar o apelo para cuidar e aproveitar daqueles celeiros da alma.

Mas há mais. Segundo o historiador grego Hecateu de Abdera, no frontão da biblioteca do faraó Ramsés II estava gravada uma definição hieroglífica que ele traduziu da seguinte forma: Psychês iatréion, "clínica da alma". Claro, nem todos os livros curam, como avisava um leitor sábio, o filósofo inglês Francis Bacon: “Alguns livros são provados, outros devorados, pouquíssimos mastigados e digeridos”. No entanto, devemos lembrar que as bibliotecas são semelhantes a encruzilhadas onde se encontram passado e presente, realidade e sonhos, história e esperança, consenso, dissenso, mas sobretudo senso. Talvez tivesse razão um escritor de grande sucesso justamente com os seus romances populares, Stephen King, quando sugeria, talvez apressadamente: "Quando tudo mais falhar, saia e vá para a biblioteca”.

Leia mais