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11 Abril 2016

Transferindo os comentários estruturais a uma leitura mais raciocinada, eis algumas impressões cálidas sobre a encorpadíssima exortação pós-sinodal Amoris Laetitia. Se quisesse encontrar uma definição sintética, a constante leitura do texto me forneceu imediatamente uma: uma biblioteca. Há pelo menos quatro textos um dentro do outro.

O comentário é de Maria Elisabetta Gandolfi, publicado por L'Indice del Sinodo, blog da revista Il Regno, 08-04-2016. A tradução é de Benno Dischinger.

1) Uma leitura fluente e interessante da Bíblia (especialmente, mas não só, o capítulo I): povoada de famílias e de suas crises.

2) Um pequeno tratado sobre o amor (capítulo IV). Um texto útil e completo, de tom extremamente claro, que comenta o hino à caridade de são Paulo. Um caminho passo a passo que todo catequista que atua na preparação matrimonial considerará extremamente útil.

3) Um capítulo (VII) é dedicado à educação dos filhos, tema útil para os grupos familiares formados por jovens famílias que já têm filhos ou que estão para enfrentar a tarefa paterno/materna.

4) E enfim, o capítulo VIII, aquele que sintetiza o trabalho do biênio sinodal. Não se trazem aqui substanciais novidades que já não estejam em germe nas duas Relatio Synodi de 2014 e de 2015. Discernimento, responsabilidade pessoal, acompanhamento, valorização da consciência bem como sua oportuna formação (“somos chamados a formar as consciências, não a pretender substituí-las”, n. 37) são aqui retomadas também à luz do Ano especial da misericórdia.

Duas palhetas:

A Primeira: "De nenhum modo a Igreja deve renunciar a propor o pleno ideal do matrimônio”.“Trepidez, relativismo ou um excessivo respeito ao momento de propô-lo, seria uma falta de fidelidade ao Evangelho (307)“. 

A Segunda: "Compreendo aqueles que preferem uma pastoral mais rígida que não dê lugar a alguma confusão. Mas é preciso estar “atentos ao bem que o Espírito esparge em meio à fragilidade” (243). Também porque se arriscaria pôr em discussão a onipotência de Deus, que constitutivamente também compreende a misericórdia” (311). Nenhuma “receita”, a complexidade, a complexidade é constitutiva da vida pastoral da Igreja. Há matéria para fazer “autocrítica”, temos esquecido a graça a favor da doutrina (n. 36).

Algumas observações, ao invés, transversais ao texto:

1) Sobre as citações: encontram-se textos das diversas Conferências episcopais: de outra parte, no n.3 se diz que “nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas com intervenções do magistério. (...) Além disso, em cada país ou região se podem procurar soluções  mais inculturadas, atentas às tradições e aos desafios locais”.

2) Sobre citações “laicas”: encontram-se O. Paz, E. Fromm, M. L. King, M. Benedetti, e “A Festa de Babette”...

3) Sobre o gênero (nn. 56 e 287) nenhuma simplificação: na obra criada por Deus existe o masculino e o feminino, como “elementos biológicos que é impossível ignorar. Mas, é também verdade que o masculino e o feminino não são algo rígido”.

4) Tantas palavras são dedicadas à sexualidade: pelo menos 10 são as passagens nas quais a gente se detêm (amplamente no c. IV) sobre o tema: retomando Paulo VI, bem como João Paulo II e Bento XVI. Central na vida matrimonial, na formação de jovens, na vida de relação em geral. Um ótimo sinal. Agora só resta fazer conhecer e degustar o texto.

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