13 Setembro 2023
O documento final do G20 não mostrou os caminhos para avançar com a ampliação do financiamento climático e o fim da queima de combustíveis fósseis.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 12-09-2023.
Missing in action. É assim que o Financial Times classificou o resultado final da cúpula de Nova Déli (Índia) do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, ao menos no que diz respeito à questão climática. Mesmo com um acordo para triplicar a capacidade de geração de energia renovável até 2030, os países se abstiveram de tomar qualquer decisão sobre temas cruciais na agenda de negociação da COP28, como o financiamento climático e o fim do uso de combustíveis fósseis.
A omissão aconteceu dias após a ONU apresentar o importante relatório de Global Stocktake (balanço global) sobre a situação da ação climática global e as perspectivas, a partir dos compromissos atuais, para cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris. O documento final do G20, por exemplo, não incluiu qualquer referência à eliminação progressiva de petróleo e gás, a despeito do mundo caminhar para um aquecimento superior a 2ºC em relação aos níveis pré-industriais.
De toda forma, como destacou o Climate Home, o compromisso sobre energia renovável foi uma surpresa positiva. Isso porque, antes da cúpula, a expectativa de um entendimento dos países em torno do tema era muito baixa. Em julho, na reunião dos ministros de energia do G20, os governos da Arábia Saudita, China e Rússia barraram um acordo nesse sentido. O impasse foi superado apenas na cúpula, com os chefes de governo.
Ainda assim, a dificuldade dos países em avançar no financiamento climático e no fim dos combustíveis fósseis antecipa problemas para a COP28, como assinalou a Bloomberg. A Conferência de Dubai também terá outros pontos espinhosos em sua agenda, como a revisão cíclica dos compromissos nacionais de mitigação para 2025, e o fundo de compensação para perdas e danos.
Associated Press e Axios também abordaram os resultados finais do G20 e as perspectivas para as negociações climáticas na COP28.
Em tempo: O quadro apresentado pelo Global Stocktake coloca os países em uma encruzilhada: ou os países reconhecem a gravidade do problema climático e começam a tomar ações já nesta COP28 para resolvê-lo, especialmente no financiamento climático, ou o processo multilateral ficará desmoralizado. No Valor, Daniela Chiaretti argumentou que “cada vez fica mais claro que só um Plano Marshall [plano de reconstrução da Europa pós-Segunda Guerra Mundial] verde sem precedentes pode tirar a humanidade de um cenário de colapso climático em cadeia”.
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G20 não destrava discussões sobre financiamento e energia fóssil para COP28 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU