31 Agosto 2023
As quatro pré-assembleias preparatórias à 13ª Assembleia da Federação Luterana Mundial, que estará reunida em Cracóvia, na Polônia, dias 13 a 19 de setembro, destacaram em suas mensagens dirigidas ao encontro maior a necessidade de formação teológica e educação de homens, mulheres e jovens.
A reportagem é de Edelberto Behs.
O luteranismo, definiu o pastor Dr. Bruk Ayele, presidente do Seminário Mekane Yesus, da Etiópia, “está enraizado na crença, e a crença está enraizada no ensino”. Ele espera que a Assembleia não ofereça apenas palavras, “mas também orientações tangíveis para o avanço da educação teológica, especialmente no hemisfério Sul”.
Outras questões transversais levantadas pelas pré-assembleia apontam para a crise climática e a defesa da paz e da reconciliação, a resistência a todos os tipos de fundamentalismos, o fortalecimento da justiça de gênero e a liderança juvenil. A guerra da Ucrânia também foi destaque.
As três regiões europeias – Europa Central e Oriental, Europa Central e Ocidental, Países Nórdicos – identificaram a procura de “esperança credível e transformadora” no meio da guerra como um tema chave. Apontaram, ainda, o enorme desafio que as igrejas enfrentam para responderem às necessidades espirituais das pessoas.
As regiões da América Latina, do Caribe e da América do Norte frisaram que são chamadas a responderem, de maneira holística, a uma variedade de desafios contextuais, como a polarização, governos corruptos, desinformação na mídia e nas redes sociais, a discriminação contra grupos vulneráveis.
As igrejas africanas reconhecem que “o que temos em comum conta muito mais do que nos divide”. Elas comprometeram-se a trabalhar com governos, parceiros ecumênicos e outras organizações da sociedade civil na promoção da paz, “ajudando as igrejas afetadas pela violência e pelo terrorismo ou crises internas”, abordando “as causas profundas do conflito e da violência”.
Da região asiática vem a preocupação a respeito do papel da igreja no espaço público e a liberdade religiosa em contextos multiétnicos e multirreligiosos. “Com forte espírito de comunhão, compromisso com a diaconia e a paz” elas querem combater as políticas que “impedem a nossa liberdade de expressão e violam os direitos humanos”.
Na Assembleia de Cracóvia será lançado um novo programa de aprendizagem: “Criando Convivência: A Arte e a Prática de Viver Juntos em Sociedades Cada vez mais Divididas e Desiguais”. Durante mais de uma década, atores diaconais das três regiões europeias desenvolveram o conceito e ações sobre convivialidade.
Um exemplo dessa prática vem do Reino Unido, do evento “Eat and Encounter”. Estudantes internacionais de várias universidades e faculdades londrinas se encontram para cozinhar e juntos celebrar a refeição. “Isso os ajuda a cruzar fronteiras geográficas e culturais, e fazer amigos”, explica a capelã Rebeca Daniel, participante do processo de convivência.
Através da iniciativa, “muitos alunos conseguiram superar o sentimento de isolamento e, ao mesmo tempo, aprenderam a valorizar a diversidade”, afirmou a Rebeca.
Na Hungria, a Fundação Drops in the Sea, patrocinada pela Igreja Evangélica Luterana, reúne crianças ciganas da cidade de Pilis num acampamento de uma semana, que conta com atividades preparadas por alunos da Escola Secundária de Budapeste e da Universidade da capital. As crianças sentem-se aceitas pelo que são, explica Anna Ngy Panka, chefe da Fundação.
A pequena Igreja de Confissão de Augsburgo na Polônia, com 60 mil fiéis, é a anfitriã da 13ª Assembleia. A Polônia tem 37,7 milhões de habitantes. Segundo o Centro de Pesquisa da Opinião Pública, que realizou um censo em 2022, 84% dos poloneses adultos se descreveram como crentes e 92% se declararam católicos apostólicos romanos. O Censo registrou, oficialmente, 191 igrejas e associações religiosas. A segunda maior família religiosa são os ortodoxos (0,9%), seguidos dos protestantes (0,3%) e das Testemunhas de Jeová (0,2%).
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Luteranos pedem mais ênfase na educação teológica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU