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Mulheres e escrita, tradição e traições. Artigo de Anita Prati

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04 Agosto 2023

"Em número de três ou múltiplos de três, segundo uma estrutura trinitária característica das hipóstases femininas do divino, posteriormente canonizada definitivamente em nove, as Musas eram para os gregos a figura do vínculo indissolúvel entre manifestação artística e presença divina: a existência da experiência artística como experiência entusiástica, como possibilidade experienciável apenas na ousìa-en-theós, no estar presentes ao divino e imersos no divino, qualificava, para os gregos, o gesto poético como imprescindivelmente imbuído de matéria divina", escreve Anita Prati, professora de Letras no Instituto Estatal de Educação Superior “Francesco Gonzaga”, em Castiglione delle Stiviere, Itália, em artigo publicado por Settimana News, 02-08-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Estas mulheres, divas línguas, o Hélicon nutriu — e o rochedo macedônio de Pieria — com hinos: Praxila, Mero, Anite eloquente — feminino Homero —, Safo, adorno das lésbias de belos cachos, Erina, Telesila mui gloriosa, e tu, Corina, o impetuoso escudo de Atena cantando, Nóssis de feminina língua, e Mirtes, doce de ouvir — todas fazedoras de eternos escritos. Nove Musas do grande Urano, e nove mesmas Gaia pariu, para a imperecível alegria aos mortais. — Antípatro de Tessalônica

O que aconteceu com Mirtes?

O binômio mulher e escrita sofreu séculos antes de ganhar crédito não como anomalia que confirma a regra de uma incompatibilidade irreversível, mas como exceção aberta para cenários de um todo possível a ser construído e atravessado. As mulheres não têm direito à palavra e não têm direitos sobre as palavras, esta é a regra: não escrevem, não leem, não estudam, não pregam, não ensinam, não usam palavras em público, não publicam suas palavras.

Safo incluída no Cânone Alexandrino dos nove poetas líricos foi, ainda hoje é considerada a exceção que confirma a marginalidade e inconsistência da escrita de autora na história literária. É diante de um pano de fundo cultural e um imaginário coletivo desse tipo que se destaca com originalidade a epigrama de Antípatro de Tessalônica, toda tecida na inesperada associação mulher-palavra-divino.

Já no verso inicial Antípatro, poeta grego que viveu em Roma na época de Augusto, indica que, no centro de sua poesia, estarão mulheres divas da língua – e o seu é um desafiador plural feminino, não um asséptico singular, portador de uma privilegiada excepcionalidade digna de estrelas e hors concours.

A qualidade divina da palavra poética dessas mulheres nutridas com hinos fica explícito por meio da referência ao Helicon e ao rochedo de Pieria: dizia-se que as Musas teriam nascido em Pieria, e no Monte Hélicon, na Beócia, às Musas era consagrado um famoso santuário.

Nas irmãs divinas, filhas do princípio celeste, Urano ou Zeus, e de Mnemosine, deusa da memória, encontrou expressão uma das formas mais elevadas do sentimento religioso grego.

Em número de três ou múltiplos de três, segundo uma estrutura trinitária característica das hipóstases femininas do divino, posteriormente canonizada definitivamente em nove, as Musas eram para os gregos a figura do vínculo indissolúvel entre manifestação artística e presença divina: a existência da experiência artística como experiência entusiástica, como possibilidade experienciável apenas na ousìa-en-theós, no estar presentes ao divino e imersos no divino, qualificava, para os gregos, o gesto poético como imprescindivelmente imbuído de matéria divina.

Nessa epigrama que, com toda probabilidade, devia ser o trecho introdutório a uma coletânea das nove autoras, Antípatro celebra a capacidade poética feminina ao propor uma conexão nada óbvia entre as nove escritoras, filhas de Gaia, a Terra – plano humano – e as nove Musas, filhas de Urano, o Céu – plano divino. As nove poetisas são nomeadas uma a uma. Não apenas Safo, mas também Praxila, Mero, Anite, Erina, Telesila, Corina, Nóssis, Mirtes.

Num excesso de otimismo, Antípatro almeja que os eternos escritos possam cruzar os séculos, qual imperecível alegria aos mortais. Mas se Safo conseguiu ganhar uma presença autônoma nas histórias literárias e sua memória de alguma forma foi conservada, o que aconteceu com Praxila, Mero, Anite, Erina, Telesila, Corina, Nóssis, Mirtes? Desapareceram no ar, ou quase.

E de todos as escritoras cujos nomes nos são transmitidos por outras fontes, em listas quase fantasmais de poetas? O que aconteceu com Learquides, Praxagorides, Clitos, Mistides, Mnesarquides, Taliarquides? E de todas as outras, aquelas dos quais nem um nome nos restou, nem um punhado de versos, nem um eco distante?

Uma mulher que escreve como um homem (ou um homem que se passa por mulher)

Poderia ser interessante, neste ponto, passar para o mundo latino, para apurar se em Roma é possível encontrar alguns vestígios um pouco menos lábeis de escrita de autora.

Não faltavam mulheres cultas em Roma. Sabemos que na família romana as mães desempenhavam um papel educativo fundamental, como atesta o célebre exemplo de Cornélia, filha de Públio Cornélio Cipião e mãe dos Gracos, que ensinou pessoalmente a eloquência aos filhos; conhecemos a história de Hortênsia, filha do orador Quinto Hortênsio Hórtalo, rival de Cícero, que em meados do século I a.C. proferiu um discurso público perante os triúnviros. Depois há Sulpícia, o único nome da poetisa que nos chega da latinidade. Mas, Sulpícia ou Tíbulo?

Também em Roma, como na Grécia, as palavras das mulheres eram proibidas de entrar no espaço público – Cornélia ensina, mas seu ensinamento se limita à esfera doméstica; Hortênsia defende uma causa no tribunal, mas é a situação política de exceção que o permite, e aquela única vez somente.

Encontrar autonomamente canais para a divulgação de seus escritos era para as mulheres uma via impraticável. E assim Sulpícia escreve poesias, dando voz aos seus sentimentos de amor e ao seu desejo, mas o nome que está no final da publicação das composições não é o seu, é o de Tíbulo.

Absorvidas dentro do Corpus Tibullianum, no momento de sua redescoberta em idade moderna, as elegias de Sulpícia abrirão um significativo debate crítico. Sulpícia ou Tíbulo? Esse, em suma, é o cerne da questão. E, só para confirmar como, diante da produção literária feminina, a abordagem mais óbvia é aquela de uma matriz aristotélica que considera de forma preconcebida inferior a obra de uma mulher, quem considerou que por trás da persona de Sulpícia se escondesse, num ousado jogo de ficção, o grande poeta elegíaco Tibulo, elogiou o requinte e a elegância do seu latim, enquanto quem deu crédito à presença de Sulpícia como única voz de mulher no panorama da poesia romana lançou fortes juízos negativos sobre a parca qualidade do "latim feminino" da poetisa.

Poetisas italianas entre os séculos XIII e XIV

A situação não melhora se examinarmos o panorama italiano. O código Vaticano Latino 3793, cancioneiro de referência para a poesia vernacular antiga, preservou três sonetos da poetisa florentina Compiuta Donzella, cuja historicidade é confirmada por várias outras fontes. No entanto, numerosos críticos questionaram a realidade histórica dessa autora, preferindo considerá-la uma invenção literária. Destino semelhante para Nina de Messina, ligada à escola poética siciliana. Dela nos sobrou a correspondência poética trocada com Dante da Maiano; mas os juízos sobre a sua efetiva historicidade nunca foram concordes.

Também no século seguinte, o século XIV, o esquema volta e ser reproposto, inalterado. Aqui temos até um grupo de poetisas, todas da região das Marcas, unidas em uma frutífera parceria intelectual: Ortensia de Guglielmo, Leonora della Genga e Livia Chiavelli de Fabriano, Giustina Levi Perotti de Sassoferrato, Elisabetta Trebbiani de Ascoli. Mas, mesmo nesse caso, a posição dominante da crítica é a de negar a essas mulheres a verdade histórica para considerá-las, ao contrário, mais uma falsificação implementada por poetas petrarquistas do século XVI.

É evidente que resulta muito mais fácil pensar as mulheres como objeto do fazer poético do que como protagonistas da escrita. E, sobretudo onde o escrito se qualifica pela excelência da forma e do estilo e pela força do pensamento, torna-se mais fácil negar o protagonismo feminino do que explicar a ausência e a exclusão do cânone de autoras que a tradição apressadamente colocou às margens, ou além das margens, da escrita.

O duplo itinerário da escrita

Em 1996, Marina Zancan, professora de literatura italiana moderna e contemporânea na Universidade de Roma La Sapienza, publicou Il doppio itinerario della scrittura: la donna nella tradizione letteraria italiana [O duplo itinerário da escrita: a mulher na tradição literária italiana].

No ensaio, Zancan destacava como a compacidade de tradição literária italiana, toda rigorosa e exclusivamente masculina, era o resultado de um consolidado processo de assimilação e eliminação de toda diversidade, em primeiro lugar aquela das mulheres, sujeitos inominados da história.

"Cânone" e "tradição" são palavras que devem ser manuseadas com cautela consciente. O cânone estrutura-se por eliminação, filtrando os conteúdos a transmitir através do crivo de uma neutralidade que silencia as dissonâncias e a multiplicidade das perspectivas, e a tradição procede não só por confirmações, mas também e sobretudo por silenciamentos. Dessa forma, repensar a tradição em termos de relações de poder permite desconstruir a sua aparentemente compacidade indeteriorável, enquanto reler o cânone à luz e em diálogo com o contracânone abre para a possibilidade de explorar vazios, evocar ausências e reinterpretar presenças.

Nesse sentido, segundo Zancan, pode-se falar de um "duplo itinerário": de um lado, os itinerários e os espaços próprios das experiências, da imaginação e das memórias que podem ser encontradas nos textos escritos por mulheres; por outro, aproximar-se desses textos significa acertar as contas com os itinerários tortuosos e acidentados por meio dos quais a palavra e a escrita das mulheres conseguiram, ou não conseguiram, interceptar os percursos do cânone e da tradição histórica e literária.

O gesto de transmissão é entregue à ambígua violência que distingue a tra-dição da tra-ição. A tradição está sempre em risco de traição. “Traições da tradição” não é apenas um genitivo objetivo (o que é traído pode ser traído), mas é também um genitivo subjetivo (a própria tradição pode, em vez de tràdere, trair). E, isto, a história das mulheres conhece muito bem.

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