19 Julho 2023
O Papa Francisco nomeou o padre argentino Daniel Pellizzon, da Arquidiocese de Buenos Aires, como seu secretário pessoal e iniciará suas funções, em Roma, nos primeiros dias do mês de agosto. O anúncio foi feito pelo novo arcebispo de Buenos Aires, Jorge Ignacio García Cuevas, que compartilhou a notícia “com alegria” e pediu para “rezar por ele diante desta nova missão confiada a serviço da Igreja”.
A reportagem é de Washington Uranga, publicada por Página/12, 18-07-2023. A tradução é do Cepat.
O padre, nascido em Buenos Aires em 24 de janeiro de 1983, já foi colaborador direto de Jorge Bergoglio, quando o atual Papa era arcebispo da arquidiocese da capital. Aquele que agora ocupará um cargo da mais alta confiança, junto a Francisco, tinha sido encarregado pelo então arcebispo de Buenos Aires a ordenar seus documentos pessoais, função que desempenhou entre 2011 e 2012.
Pellizzon foi ordenado sacerdote em 3 de novembro de 2018 e, durante cinco anos, desempenhou funções pastorais no Santuário de São Caetano, no bairro de Liniers, em Buenos Aires. Desde março passado, ocupava o cargo de vigário na Paróquia Nossa Senhora da Misericórdia, também na capital.
Bergoglio conhece Pellizzon desde que era seminarista e a relação entre os dois continuou mesmo após a posse de Francisco, em 2013, em Roma.
Agora, na importante responsabilidade de secretário pessoal do Papa, Daniel Pellizzon substituirá o padre uruguaio Gonzalo Aemilius, que vinha desempenhando essa função desde 2019 e a quem Francisco convocou depois de ter conhecido, em 2006, seu trabalho com crianças em situação de rua em Montevidéu.
O secretário particular do pontífice é um cargo de extrema confiança do Papa, que cuida de seus assuntos particulares, acompanha todas as suas atividades e, em alguns casos, coordena atividades protocolares. Aqueles que conhecem Pellizzon afirmam que é um profundo conhecedor do pensamento teológico e pastoral de Bergoglio e que sua relação com Francisco é de respeito mútuo e afeto pessoal.
Enquanto isso, aquele que foi secretário particular de Bento XVI, o arcebispo alemão Georg Gänswein (66 anos), já está em Freiburg (Alemanha), sua diocese natal, lugar para onde voltou depois de 28 anos, a pedido do Papa Francisco. Antes, o alemão também havia sido destituído de sua responsabilidade como prefeito da Casa Pontifícia, tarefa que havia recebido de Bento, em 2012.
Consultado pelo jornal Corriere della Sera, o bispo limitou-se a dizer que “tinha que sair do Vaticano no dia 1º de julho e foi o que fez, nada mais: calo-me e obedeço”. Segundo o mesmo jornal italiano, “sua despedida do Vaticano foi melancólica e seus achegados o descrevem como muito amargurado”.
No momento, aquele que foi o poderoso secretário de Joseph Ratzinger e que almejava uma função de destaque no Vaticano ou no corpo diplomático da Santa Sé também não tem funções atribuídas sequer em sua antiga diocese. Por meio de um comunicado, a Arquidiocese de Freiburg anunciou que Gänswein “não assumirá um cargo no Ordinariato Arquidiocesano ou um cargo fixo e permanente”.
As divergências entre Gänswein, um clérigo altamente tradicionalista, e Francisco se tornaram mais evidentes após a morte de Bento XVI. Em janeiro passado, o bispo disse ao jornal católico alemão Tagespost que o decreto (motu proprio Traditionis custodes) que Francisco emitiu, em 16 de julho de 2021, revogando uma decisão de Ratzinger que habilitou a possibilidade de celebrar a missa em latim, “foi um ponto de inflexão. Acredito que o Papa Bento XVI leu este Motu Proprio com dor no coração”, afirmou.
A relação entre Bergoglio e Gänswein piorou quando o arcebispo publicou o livro Nada além da verdade: Minha vida ao lado de Bento XVI em que evidenciou as divergências de Ratzinger com as decisões do papa argentino.
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Um padre argentino, novo secretário pessoal do Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU