28 Janeiro 2020
O Papa Francisco escolheu como seu novo secretário particular o Pe. Gonzalo Aemilius, um sacerdote uruguaio de 40 anos que trabalha com crianças de rua e viciados em drogas, e que ele conhece há muitos anos.
A reportagem é de Gerard O’Connell, publicada por America, 26-01-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Ele sucede ao Pe. Fabián Pedacchio, o padre argentino de Buenos Aires que atuou como seu secretário pessoal, com grande lealdade e discrição, desde o dia seguinte à eleição de Francisco como papa em março de 2013 até dezembro passado.
Para entender essa mudança, é importante saber que, desde o início do seu pontificado, o Papa Francisco deixou claro que não queria o tipo de secretários pessoais como aqueles que trabalhavam para São Paulo VI, São João Paulo II e o Papa Bento XVI. Ele não queria um secretário pessoal que fosse “o porteiro” do papa, alguém que consequentemente acumularia ou exerceria uma considerável influência ou poder durante o pontificado.
Como explicou o porta-voz vaticano, Matteo Bruni, em dezembro passado, o Papa Francisco acredita na “rotação” de seus secretários e considera o papel do secretário como “um serviço temporário”. Daí a sua decisão de substituir o Pe. Pedacchio, depois de quase sete anos, por um novo secretário, desta vez do Uruguai, e não da Argentina.
O Pe. Gonzalo, como ele popularmente é conhecido, nasceu em Montevidéu, capital do Uruguai, no dia 18 de setembro de 1979. Seus pais não eram pessoas de fé; sua avó era judia. Ele se converteu à fé durante o Ensino Médio, inspirado no exemplo de alguns padres que trabalhavam com crianças de rua, mesmo diante de ameaças de morte.
Ele sentiu o chamado ao sacerdócio e foi ordenado para a Arquidiocese de Montevidéu em 2006 e, depois de estudar em Roma, obteve um doutorado em Teologia. Francisco o conhece desde 2006, quando, como arcebispo de Buenos Aires, ouviu falar do seu trabalho com crianças de rua e viciados em drogas e entrou em contato com ele.
O Pe. Gonzalo fundou uma escola para crianças de rua naquela cidade, chamada Liceo Jubilar Juan Pablo II, e atuou como seu diretor durante nove anos antes de ser designado para trabalhar na paróquia.
O Papa Francisco repentinamente o lançou sob os holofotes da mídia no dia 17 de março de 2013, ao celebrar a sua primeira missa pública como papa na igreja paroquial de Sant’Anna, no Vaticano. Antes de entrar na igreja, Francisco ouviu o padre o chamar do meio da multidão reunida no portão de Sant’Anna e convidou-o a se unir a ele na missa. Depois, no fim da celebração, ele apresentou o “Padre Gonzalo” à assembleia na pequena igreja e contou-lhes sobre o seu grande trabalho com as crianças de rua e os viciados em drogas “e [como ele] os ajudou a conhecer Jesus”, pedindo que rezassem pelo padre.
Francisco acrescentou que não sabia como o Pe. Gonzalo estava em Roma naquele momento. Mais tarde, o padre explicou que sua família, sabendo de sua estreita amizade com o cardeal Bergoglio, agora Papa Francisco, comprou-lhe uma passagem aérea e o enviou à Cidade Eterna após a eleição para estar presente na posse. Mais tarde, Francisco lhe disse que havia tentado contatá-lo por telefone no dia anterior, mas o Pe. Gonzalo disse que não pôde atender porque estava com o telefone desligado.
Depois daquela missa em Sant’Anna, o Pe. Gonzalo disse à imprensa uruguaia: “Eu senti uma grande emoção e me sentido muito pequeno” quando o Papa Francisco o convidou para entrar na igreja.
Mais tarde, entrevistado pelo L’Osservatore Romano, o jornal vaticano, o Pe. Gonzalo revelou como o cardeal Bergoglio, como arcebispo de Buenos Aires, teve um impacto “decisivo” na sua vida a partir de então: “Ele me ensinou a tirar o melhor que há em cada indivíduo, por mais diferente que ele ou ela possa ser dos outros, e usar isso pelo bem de todos”.
Após a posse do papa, o padre retornou à diocese da sua terra natal para continuar seu trabalho paroquial, e a mídia o perdeu de vista até hoje, quando o Vaticano deu a notícia de que Francisco o havia chamado como seu secretário pessoal.
O Pe. Gonzalo agora se junta ao outro secretário pessoal do papa, o Pe. Yoannis Lahzi Gaid, um padre copta egípcio, que trabalha como segundo secretário pessoal do papa ao lado do Pe. Pedacchio desde abril de 2014, mas também faz parte da seção árabe da Secretaria de Estado.
O Pe. Gaid assumiu o posto de segundo secretário do papa no lugar de Dom Alfred Xuareb, o padre maltês que havia atuado como segundo secretário de Bento XVI e depois como secretário de Francisco no primeiro ano do seu pontificado, e que agora é núncio na Coreia do Sul e na Mongólia.
De sua parte, o Pe. Pedacchio voltou a trabalhar em tempo integral na Congregação dos Bispos, onde ele estava trabalhando em março de 2013 quando Francisco o chamou para ser seu secretário. Mas, mesmo na época, como secretário, o Pe. Fabián continuou trabalhando meio período naquela Congregação.
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Papa Francisco nomeia novo secretário: um padre que trabalha com crianças de rua e viciados em drogas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU