14 Julho 2023
Para o arcebispo de York, evocando o patriarcado, a oração ensinada pelo próprio Jesus pode ser problemática.
A reportagem é de Silvia Guzzetti, publicada por Avvenire, 12-07-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
O Sínodo Geral, o órgão que controla a Igreja Anglicana da Inglaterra, reunido na Universidade de York desde a última sexta-feira, terminou ontem com uma moção aprovada pelo comitê que controla as finanças da Igreja da Inglaterra na qual se estabelece desinvestir de qualquer empresa de combustíveis fósseis que não seja comprometida seriamente em respeitar o Acordo Climático de Paris.
Durante o primeiro dia, leigos, pastores e bispos ouviram o Arcebispo de York, Stephen Cottrell, citar algumas frases do Papa Francisco e relembrar seu encontro com ele em Roma em maio passado. “Em nosso mundo, está desaparecendo o sentimento de pertença a uma única família humana e prevalece uma fria indiferença”, disse Cottrell, retomando frases do Papa. E continuou falando do “Pai Nosso” como “oração que expressa com mais força a unidade entre os cristãos. Aqueles que a recitam pertencem uns aos outros. A falta de unidade entre os cristãos é uma desgraça, uma afronta pessoal a Jesus". Em uma passagem, o prelado também observou que o início do "Pai Nosso", com a palavra "Pai", é “problemático para quem teve uma experiência negativa com o próprio pai e para aqueles que experimentaram o patriarcado".
No domingo, o Sínodo votou para “reconhecer os erros cometidos em matéria de proteção de menores dos quais nos arrependemos" e para aprovar um fundo de 150 milhões de libras, 175 milhões de euros, para compensar as vítimas de abusos. Também falaram Steve Reeves e Jasvinder Sanghera, dois membros do “Conselho de Salvaguarda Independente”. A comissão teve início em 2022, com a função de supervisionar independentemente a forma como a Igreja da Inglaterra enfrenta os casos de abusos e da qual faziam parte três membros, foi recentemente desmantelada pela Igreja Estatal Inglesa. Os dois ex-membros disseram que não tiveram independência suficiente em sua atuação. O Sínodo também ouviu Jane Chevous, diretora de "Survivors Voices", uma associação que representa os sobreviventes de abusos, que definiu de "enorme" o dano causado pela abolição da Comissão independente.
Na tarde de sábado, bispos, pastores e leigos ouviram a bispa de Londres, Sarah Mullally, e o bispo de Truro, Philip Mountstephen, explicar o processo feito pelos grupos de trabalho para a preparação das "Orações de amor e de fé", com as quais os pastores poderão abençoar os casais homossexuais estáveis, unidos civilmente pela lei do Reino Unido, e as orientações sobre como devem ser usadas.
As novas liturgias, aprovadas pelo Sínodo de fevereiro, não serão aprovadas até novembro. Os sacerdotes anglicanos que as rejeitam, porque querem um "não" decisivo da Igreja às uniões homossexuais, serão livres para não as adotar. A discussão destes dias, disseram o bispo Mullally e o Bispo Mountstephen, “será uma parte importante da redação das novas orações".
O Sínodo também aprovou uma moção pedindo às paróquias e dioceses que iniciem projetos que ajudem ex-presidiários a se reintegrarem à comunidade. Também foi ouvida uma palestra sobre como a fé possa ser uma parte importante do processo de reabilitação.
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Anglicanos: debate sobre o Pai Nosso no Sínodo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU