29 Mai 2023
O prefeito do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral celebrou com os escoteiros, as religiosas e as famílias que moram no prédio em Roma que o Campidoglio pretende adquirir.
A reportagem é de Luca Liverani, publicada por Avvenire, 27-05-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
No Spin Time, prédio do ex-Inpdap ocupado por 360 pessoas de 26 nacionalidades, na verdade um cardeal já havia estado por lá. Foi o esmoleiro do Papa, Konrad Kraievski, que foi religar a eletricidade em 2019 que estava cortada há uma semana. Mas é a primeira vez, na história decenal dessa comunidade multiétnica, que um cardeal celebra a santa missa. Aconteceu na noite de sexta-feira, quando o cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, concelebrou a missa no pátio do edifício com os balanços para as crianças (aqui moram 139 famílias). Estavam celebrando o quinto aniversário da consagração sacerdotal do padre Mattia Ferrari, o "capelão da Mediterrânea" que anima a pastoral aqui junto com a irmã Adriana e outras religiosas. E o Cardeal Czerny, que este ano celebra 50 anos de missa, aceitou de bom grado o convite para uma dupla celebração.
Quem se encarregou de arrumar o pátio para instalar a assembleia foram os escoteiros do clã 147 de Nossa Senhora de Coromoto, do qual Mattia é assistente. Depois animarão a missa com violão e canções. Outros trouxeram as cadeiras, o microfone, uma mesinha para o altar enfeitada com a bandeira que invoca a paz. Para assistir à celebração, junto com as meninas e os meninos da Agesci, também três religiosas (uma é a Irmã Letizia, originária do Burundi, que em breve virá morar aqui como Irmã Adriana prestes a entrar na Ordo Virginum). Ela e outras farão parte da comunidade intergregacional na qual a irmã leiga consagrada está trabalhando. Depois, há os voluntários da ONG de resgate Mediterrânea, as crianças que frequentam o Spin Time, muitos moradores. Principalmente mulheres: ucranianas, etíopes, eritreias, equatorianas, egípcias, curdas, ciganas. Nem todas católicas, algumas nem mesmo cristãs.
Dom Mattia agradece a essa comunidade multicolorida que quis festejá-lo fazendo-o celebrar missa, "embora para alguns de vocês seja provavelmente a primeira a que assistem", diz ele sorrindo. A primeira leitura do profeta Isaías fala de "trazer para dentro de casa os pobres e desabrigados", de "reparar as frestas, restaurar as casas arruinadas para poder morar". Depois Lucas, com o samaritano que "não passa", mas "teve compaixão" da vítima dos salteadores e "cuidou dele".
Ao lado do altar está a oliveira plantada no dia 13 de maio, "dia em que se comemora Nossa Senhora de Fátima - explica a irmã Adriana - para que com a ajuda de Deus dê frutos de paz e justiça, na esteira do bom terreno da encíclica do Papa Francisco Fratelli Tutti". Antes da missa, duas mulheres ucranianas entregam aos dois celebrantes um presente simbólico, uma xícara com a palavra "paz" e uma bandeira amarela e azul. Depois da celebração é a vez de uma eritreia e uma etíope, que trazem doces e frutas ao ritmo de uma dança tradicional.
Michael Czerny - que, com uma exceção litúrgica, deixou o sacerdote mais jovem proferir a homilia - depois do "ides em paz" tem um sorriso para todos e se dispõe de bom grado a todos que querem uma foto de lembrança ou uma selfie. Emigrado da Tchecoslováquia para o Canadá com a família aos dois anos, foi Czerny quem sugeriu ao Papa Francisco que instalasse na Praça de São Pedro em 2019 o monumento de bronze ao Angels Unwares, os Anjos inconscientes, os migrantes de todos os povos e de todas as épocas, bronze do artista Timothy Schmalz. Após a missa, um bufê multiétnico, enquanto o alto-falante transmite "Bella ciao" na versão dos Modena City Ramblers. Despedidas e abraços: "Cardeal, volte e nos visitar”.
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Roma. Missa do Cardeal Czerny para a comunidade multiétnica do edifício ocupado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU