23 Mai 2023
- Não se trata de investigar a onda de casos de pedofilia (especialmente após a descoberta do caso Pedrajas pelo jornal El País), que ocorreu recentemente na Bolívia, mas de avaliar o que tem sido feito até agora neste campo.
- Bertomeu aconselha e, em alguns casos, investiga casos de abuso clerical, mas sua função não é a de um 007 do Papa, como alguns meios de comunicação insistem em chamá-lo.
- O Dicastério para a Doutrina da Fé, departamento a que pertence, não se dedica a investigar casos de abusos do clero, mas a fiscalizar o que foi feito nas instâncias diocesanas e nacionais.
A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada por Religión Digital, 22-05-2023.
Aproveitando o fato de estar no Paraguai, os bispos bolivianos pediram ao cardeal Ladaria que lhes enviasse, por três dias, o espanhol Jordi Bertomeu, funcionário do Dicastério para a Doutrina da Fé, para realizar assessoria técnico-jurídica ao episcopado.
Não se trata de investigar a onda de casos de pedofilia (especialmente após a descoberta do caso Pedrajas pelo jornal El País), que ocorreu recentemente na Bolívia, mas de avaliar o que foi feito até agora neste campo e o que deve ser feito a partir de agora.
De fato, a declaração dos bispos (“antes da imprensa noticiar a chegada ao país de uma Comissão do Vaticano”), indica que a visita de Bertomeu foi marcada há três anos, com o objetivo de analisar a situação da covid-19 na Bolívia. Ou seja, não está diretamente ligada ao caso Pedrajas.
Claro, os bispos bolivianos reconhecem que quiseram aproveitar a presença de Bertomeu no país vizinho: "Por ocasião da visita fraterna à Universidade Católica do Paraguai do cardeal dom João Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, e do monsenhor Jordi Bertomeu, a Conferência Episcopal Boliviana - CEB solicitou a presença deste último em nosso país para analisarmos juntos nos próximos dias os progressos realizados até agora, em sintonia com a cultura de prevenção promovida pelo Papa Francisco".
A CEB acrescenta que os encontros reflexivos agendados para os próximos dias com o funcionário espanhol “serão realizados em um clima de profunda proximidade com todas aquelas pessoas que foram vítimas do flagelo dos abusos na Igreja”.
E, por último, manifesta sua confiança em que tal iniciativa tenha continuidade num futuro próximo “para uma gestão mais justa e eficaz destes casos, bem como para uma melhor implementação dos órgãos de prevenção no país”.
Bertomeu já esteve em vários países latino-americanos para assessorar e, em alguns casos (como Chile ou Paraguai), investigar casos de abuso de menores por parte de membros da Igreja Católica, embora sua obra não seja a de um 007 do Papa, como alguns meios de comunicação insistem em chamá-lo.
Entre outras razões contundentes, porque o Dicastério para a Doutrina da Fé, o departamento ao qual pertence, não se dedica a investigar casos de abuso clerical, mas a supervisionar o que foi feito nas instâncias diocesanas e nacionais. E somente, se estas instâncias o exigirem, as autoridades romanas assessoram com cursos e reuniões específicas, bem como com a formação de agentes pastorais de prevenção.
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