18 Mai 2023
- “Nenhum dos bispos da Bélgica quer ser desobediente ao Papa. Isso seria a última coisa que queremos. Por isso tive duas conversas com o Francisco. Eram conversas pessoais. Não direi publicamente o que e como ele disse alguma coisa, mas sei que nem eu nem o resto dos bispos vamos contra o Papa. Isso é muito importante para mim e para os outros”, afirma dom Johan Bonny, bispo de Antuérpia.
- “Nem todos os homens em Roma são o Papa. Falei pessoalmente duas vezes com o Papa sobre essas questões. Pelas minhas conversas, sei como é a minha relação com o Francisco - falamos cum petro et sub petro. Mas nem todo o Vaticano é cum petro et sub petro”, afirma.
- "Também em Roma eles deveriam ouvir melhor e não serem tão críticos".
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 17-05-2023.
“Nenhum dos bispos da Bélgica quer ser desobediente ao Papa. Isso seria a última coisa que queremos. Por isso tive duas conversas com o Francisco. Eram conversas pessoais. Não direi publicamente o que e como ele disse alguma coisa, mas sei que nem eu nem o resto dos bispos vamos contra o Papa. Isso é muito importante para mim e para os outros”, reconhece dom Johan Bonny, bispo de Antuérpia, em entrevista a Katholisch, sobre as bênçãos a casais homossexuais.
Como será lembrado, no outono de 2022, os bispos belgas publicaram uma carta intitulada: "Estar pastoralmente perto das pessoas homossexuais - por uma Igreja acolhedora que não exclua ninguém", que o próprio Bonny apresentou posteriormente em Frankfurt aos delegados da Caminho Sinodal alemão. No entanto, Roma foi muito mais crítica da posição alemã do que dos bispos belgas, que vêm realizando esse tipo de bênção sem que o Vaticano os tenha chamado à ordem.
'Cum petro et sub petro'
“Nem todos os homens em Roma são o Papa. Falei pessoalmente duas vezes com o Papa sobre essas questões. Pelas minhas conversas, sei como é a minha relação com o Francisco - falamos cum petro et sub petro. Mas nem todo o Vaticano é cum petro et sub petro”, afirma o bispo de Antuérpia.
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Johan Bonny, bispo de Antuérpia. (Foto: Religión Digital)
Quanto ao tratamento diferente dos bispos alemães para a mesma questão de bênçãos para casais homossexuais, Bonny atribui isso a números e barulho. “Somos uma pequena conferência de bispos. Somos apenas oito bispos diocesanos. E nessas questões, concordamos completamente um com o outro. Falamos a uma só voz. Não há divisões ou subgrupos neste tópico. O Papa também perguntou isso em Roma, se todos concordamos. E nós dissemos que sim".
Nesse sentido, ele destaca que entre os bispos belgas “não temos as dinâmicas e tensões entre Roma e Alemanha no caminho sinodal”, embora acrescente que “também em Roma eles deveriam ouvir melhor e não serem tão críticos”. Isso não ajuda ninguém. Há mais preconceitos do que julgamentos nesta discussão. Há mais preconceitos e histórias pessoais também dos bispos e cardeais alemães em Roma. Esta é uma mistura de suas experiências pessoais e feridas pessoais com questões teológicas e diversidade teológica”.
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Francisco com os bispos belgas. (Foto: Religión Digital)
Por isso, Bonny enfatiza que "se queremos ser uma igreja missionária que apresenta as boas novas de Jesus de uma maneira renovada, aqui no Ocidente, também devemos encontrar uma solução para o problema da homossexualidade", embora reconheça que este não é o caso, uma questão que agora não está sendo levantada nem na África nem na Ásia. “Isso certamente acontecerá, mas uma solução para esta questão deve ser encontrada aqui, baseada na ciência humana e na Bíblia, bem como na teologia moral e nas considerações pastorais”.
"O Papa também sabe disso", acrescenta. Deve ser pastor ou pai de todos. Nós entendemos. Nem sempre temos que dizer sim ou não para todas as perguntas. O papado não existe para dizer sim ou não a todas as questões, como na Idade Média, mas para ser um bom pastor, um bom pai para toda a comunidade, para manter a comunidade unida. É um ministério de unidade na Igreja, unidade na diversidade. E ele tem que manter a família unida".
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