O Papa Francisco quer visitar a Argentina, sua terra natal, em 2024. Ele disse isso a um jornalista argentino na semana passada. Ele também revelou ter dito ao arcebispo Georg Gänswein, secretário particular do falecido Papa Bento XVI, que deve deixar seu apartamento no Vaticano nos próximos meses.
A reportagem é de Gerard O’Connell, publicada em America, 23-04-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Francisco revelou tudo isso ao receber Joaquín Morales Solá, jornalista argentino a quem ele conhece há muitos anos, em uma audiência privada dias atrás em Santa Marta, a hospedaria do Vaticano onde ele mora.
“Quero ir para o país [Argentina] no ano que vem”, disse ele a Morales Solá. O jornalista, que escreveu um artigo sobre seu encontro com Francisco na edição de domingo, 23 de abril, do jornal La Nación, explicou que o papa vê o ano de 2024 como um momento propício, porque não há eleições no país (as eleições serão realizadas em outubro de 2023) e sentiu que, ao anunciar a visita agora, evitaria ser visto como favorável a um partido político. Ele faz questão de que sua visita não seja lida por meio de lentes políticas. Segundo o protocolo vaticano, o papa não visita um país em ano eleitoral.
Originalmente, o Papa Francisco havia planejado visitar a Argentina, o Chile e o Uruguai em 2017, mas teve que adiar a visita ao Chile devido às eleições naquele país e, quando visitou o Chile e o Peru posteriormente, não foi possível incluir sua terra natal.
O primeiro papa da América Latina também gerou expectativas de uma possível visita no mês passado, quando deu entrevistas a vários jornais argentinos, incluindo o La Nación, e nelas confirmou repetidamente seu desejo de visitar sua terra natal. Mas esta é a primeira vez que ele ofereceu uma data para a visita.
Falando sobre sua pátria, Francisco também confirmou que nomeará um novo arcebispo para Buenos Aires em um futuro próximo como sucessor do cardeal Mario Aurelio Poli, cuja renúncia ele aceitou ao completar 75 anos em novembro passado.
Morales Solá relatou que, durante a conversa, o Papa Francisco voltou a defender São João Paulo II contra as acusações feitas por Pietro Orlandi, irmão de Emanuela Orlandi, a “garota do Vaticano” (como a Netflix a rotulou) que desapareceu aos 15 anos de idade em 1983. “João Paulo II foi um santo em vida e agora também o é formalmente [devido à sua canonização] depois de sua morte. Ninguém pode duvidar honestamente da bondade do Papa Wojtyla”, disse Francisco.
Referindo-se a seus antecessores, Francisco disse que “ainda sente falta” de Bento XVI, falecido em dezembro passado. Ele lembrou que o papa alemão sempre lhe dava “bons conselhos e era uma ajuda permanente”. Ele revelou que se encontrou com Bento “muito mais do que se sabe”, especialmente no último período de sua vida, quando sua saúde estava se deteriorando.
Nesse contexto, Francisco revelou que havia dito ao secretário particular de Bento XVI, o arcebispo Georg Gänswein, que ele deveria decidir se deseja permanecer na Itália ou retornar à Alemanha, mas disse que, em qualquer um dos casos, teria que deixar seu apartamento vaticano em alguns meses.
Morales Solá relatou que “Francisco lembrou ao [arcebispo] Gänswein que todos os secretários particulares dos papas haviam retornado para suas dioceses [de origem] quando o papa morreu”, e citou o caso do secretário particular de João Paulo II, Stanislaw Dziwisz, então arcebispo, que voltou a Cracóvia após a morte do papa polonês.