21 Março 2023
Na igreja romana de Santa Maria delle Grazie al Trionfale, a liturgia penitencial abriu a iniciativa “24 horas para o Senhor”. O convite aos confessores para perdoar tudo. “A confissão não é para torturar, mas para dar a paz". O sacramento da Reconciliação deve ser “um encontro festivo, que cura o coração e traz paz interior". Não deve ser "um tribunal humano do qual ter medo", mas "um abraço divino que nos consola." O Papa Francisco reiterou isso, convidando todos a não se esconderem "atrás a hipocrisia das aparências”, sobretudo aquelas “religiosas”, entregando, “com confiança na misericórdia do Senhor”, as próprias “opacidades”, os “erros”, as “preocupações”.
A reportagem é de Gianni Cardinale, publicada por Avvenire, 18-03-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
A ocasião é foi a liturgia penitencial presidida na paróquia romana de Santa Maria delle Grazie al Trionfale. A celebração abre a iniciativa quaresmal "24 horas para o Senhor", promovida pelo Dicastério para a evangelização. O evento é celebrado nas dioceses de todo o mundo nos dias 17 e 18 de março, na véspera do quarto domingo da Quaresma "in Laetare". Geralmente o Papa dirigia essa celebração em São Pedro. Este ano, para dar uma dimensão mais comunitária e pastoral, Francisco escolheu fazê-lo numa paróquia, justamente a de Santa Maria delle Grazie, ao lado das muralhas vaticanas.
Em sua homilia, Francisco comentou as leituras, com São Paulo que "deixou de lado" as próprias "riquezas religiosas”, considerando-as "lixo", com o propósito de "ganhar Cristo". E com o episódio Evangelho do fariseu e do publicano relatado por São Lucas. O Papa apontou o dedo para o "fariseu" que existe em cada um de nós, advertindo contra ser cristãos "limpos", "presunçosos" que se sentem perfeitos. Aqueles que dizem: "Vou à igreja, vou à missa, sou casado, casada na igreja, aqueles são pecadores divorciados...”. “ O seu coração é assim? - questionou. Você irá para o inferno." O Papa convidou, ao contrário, a ser como o publicano e, portanto, a "aproximar-se de Deus e dizer: eu sou o primeiro dos pecadores". Porque “ Deus pode encurtar as distâncias conosco quando com honestidade, sem fingimento, levamos a ele a nossa fragilidade". De fato, o Senhor “nos estende a mão para nos levantar quando sabemos ‘tocar o fundo’ e confiamos nele com a sinceridade do coração". Assim é Deus – acrescentou -: espera-nos no fundo, porque em Jesus quis “ir no fundo”, porque não tem medo de descer aos abismos que nos habitam, de tocar nas feridas da nossa carne, de acolher a nossa pobreza, os fracassos da vida, os erros que por fraqueza ou negligência cometemos, e todos nós cometemos”. “Deus – frisou Francisco – nos espera lá no fundo, espera-nos sobretudo quando tão humildemente pedimos perdão no sacramento da Confissão". O Papa convidou os fiéis a repetirem juntos a oração "Ó Deus, tende piedade de mim" quando "presumo estar certo e desprezo os outros", quando "faço fofoca dos outros", quando "não cuido dos que estão ao meu lado", quando "sou indiferente a quem é pobre e sofredor, fraco ou marginalizado". E depois “pelos pecados contra a vida, pelo mau testemunho que mancha a belo rosto da Mãe Igreja, pelos pecados contra a criação". Por “minhas falsidades, minhas desonestidades, a minha falta de transparência e legalidade”.
Após a exposição do Santíssimo Sacramento, Francisco confessou alguns penitentes. Entre eles a mãe de Marco, o jovem montanhista que desapareceu em outubro passado durante uma excursão. Com o Papa cerca de 20 outros sacerdotes administraram o sacramento da reconciliação. Entre eles o pároco dom Antonio Fois, o arcebispo Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a evangelização e também o cardeal Angelo Becciu, confessor habitual da paróquia.
Na homilia, Francisco os convidou a serem misericordiosos. “Por favor, irmãos – disse – perdoem tudo, perdoem sempre, sem colocar demais o dedo nas consciências”, “por favor: o sacramento da confissão não é para torturar, mas para dar paz”. “ Perdoem tudo – repetiu – como Deus perdoará tudo a vocês. Tudo, tudo, tudo “.
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O Papa: vamos tomar distâncias do nosso “eu presunçoso” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU