15 Dezembro 2022
Diversos documentos apresentados como "provas de acusação" parecem ter sido inseridas no computador pessoal do padre Stan Swamy pelo trabalho de um hacker. É o que afirma uma empresa forense estadunidense, que realiza perícias em casos judiciais, a que os Jesuítas indianos pediram para examinar o computador do padre Stan Swamy - o religioso detido por supostas ligações com grupos terroristas e que morreu na prisão em meados de 2021.
A reportagem é publicada por Agência Fides, 14-12-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
O relatório da "Arsenal Consulting", empresa sediada em Boston (EUA), abre uma brecha nas acusações contra o jesuíta indiano, centradas em suposta correspondência eletrônica entre o religioso e líderes maoístas, utilizada para demonstrar que era cúmplice de uma conspiração violenta. A empresa, contatada pelos advogados encarregados pela Companhia de Jesus na Índia, refere que 44 documentos, entre os quais as chamadas "cartas aos maoístas", citadas como prova de acusação contra Swamy, foram implantados no seu computador pessoal por um hacker que conseguiu acessá-lo (através de um malware chamado "NetWire") por cerca de cinco anos, de 2014 a 2019, quando o dispositivo foi apreendido e examinado pela polícia indiana.
Informa à Agência Fides o jesuíta indiano Cedric Prakash, que tanto se empenhou nos últimos dois anos para defender o pe. Swamy: "Conhecíamos Stan e tínhamos certeza absoluta de sua inocência e boa fé. Preso sob acusações absurdas de colaboração com grupos terroristas, morreu sob custódia aos 83 anos, debilitado por sua longa e injusta detenção. Agora temos as provas de que o padre Swamy foi incriminado. Nós as entregamos à Agência Nacional de Investigação da Índia (NIA) para tome ciência, realize sua investigação e admita os seus erros. Exigimos uma reabilitação completa do padre Swamy como uma pessoa completamente inocente, inclusive com um eventual pronunciamento 'seu motu’ da Suprema Corte da Índia".
Stan Swamy, padre jesuíta residente no estado indiano de Jharkhand que trabalhava para o desenvolvimento e emancipação de grupos tribais, debilitou-se muito na prisão e morreu no hospital após contrair Covid-19. Segundo a NIA, o jesuíta teria tomado parte de uma conspiração, com outras 15 pessoas, para instigar tumultos na aldeia de Bhima-Koregaon, estado de Maharashtra, em 2018, quando dezenas de dalits se reuniram para comemorar uma histórica batalha em que os dalits derrotaram um exército de casta superior.
Foto: Vatican Media
Com base em documentos encontrados nos PCs dos réus, a NIA acusou o jesuíta e os outros réus também de conspirar com os maoístas para assassinar o primeiro-ministro indiano Narendra Modi. O Padre Swamy sempre negou seu envolvimento e qualquer acusação contra ele. Num processo judicial que foi notícia nacional e internacional, os Jesuítas indianos, ao lado de numerosos grupos da sociedade civil, sempre o apoiaram, declarando a sua inocência e pedindo a sua libertação. Preso em outubro de 2020 sob falsas acusações de "sedição", ele morreu em 5 de julho de 2021 na detenção, no aguardo de julgamento, em um hospital em Mumbai, na Índia ocidental.