22 Setembro 2022
Para acompanhá-los dom Gian Luca Carrega, responsável pela pastoral com pessoas LGBT da Diocese de Turim: “Eu lhe disse: Santidade, o senhor tem duas mãos. Com um mostra-nos o caminho e com o outro proteja-nos, porque ainda há preconceito na Igreja”.
A reportagem é de Pasquale Quaranta, publicada por La Stampa, 21-09-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Uma delegação de cristãos homossexuais se encontrou com o Papa Francisco no final da audiência geral. O encontro, programado já há algum tempo, acontece no dia seguinte à abertura da Bélgica, onde os bispos católicos aprovaram um texto litúrgico para a bênção dos casais do mesmo sexo.
O Papa Francisco encontrou alguns membros da associação La Tenda di Gionata, que reúne cristãos LGBT: estiveram presentes no encontro 110 pessoas gays e lésbicas, seus pais e os agentes pastorais que os acompanham.
Representando o grupo de peregrinos, a jovem Francesca, uma lésbica católica, entregou ao Pontífice as cartas emocionadas de muitos cristãos LGBT, alguns juntos há anos, e de seus pais. Eles pediram ao Santo Padre para construírem juntos "uma Igreja hospitaleira que não exclua ninguém".
Contatada por telefone, Francesca não contém a emoção. “Desculpe-me - repete - mas o meu coração está cheio de alegria. O encontro renovou meu sentimento de pertença à Igreja. Graças ao Papa Francisco redescubro minha relação com Jesus, minhas origens, é um encontro que traz meu coração de volta ao essencial. Eu não posso viver sem Deus e o Papa é um homem de Deus, tinha um olhar para todos. Apertamos as mãos, esse aperto foi direto para o meu coração. Ajoelhei-me, mas ele imediatamente fez sinal para levantar”.
Francesca, originária de Piacenza, estava com sua companheira Carola, originária de Modena. "Encontrar o Papa é uma confirmação do caminho de fé que nos levará à união civil - anuncia Carola ao La Stampa - Acho que Francesca ficou muito emocionada porque sentiu novamente um forte sentimento de pertença à Igreja que ao longo dos anos tinha entrado em crise várias vezes. O nosso é um caminho de compromisso de doação mútua e a partilha de momentos como esses fortalece-nos tanto individualmente quanto como casal. Para nós, a fé é um componente fundamental da vida a dois. Dissemos ao Papa que gostamos dele e apresentamos brevemente à Associação Tenda di Gionata. Levamos para casa o seu sorriso”.
Para acompanhar o casal, dom Gian Luca Carrega, responsável pela pastoral com as pessoas homossexuais da Diocese de Turim. Dom Carrega falou ao Papa sobre o laborioso e fecundo caminho de tantos padres e freiras que acolhem e acompanham as pessoas LGBT e seus pais na Igreja todos os dias.
Contatado por telefone pelo La Stampa, dom Carrega também responde com entusiasmo: “Apresentei-me como responsável pela pastoral LGBT da Diocese de Turim, mas nos falamos realmente pouco, hoje o mundo inteiro estava aqui em Roma. Houve apenas tempo para um breve cumprimento. Doei dois livros de depoimentos ao Santo Padre, Genitori fortunati (editados pela Tenda di Gionata, Effatà editrice) e Figli di um Dio minore? (de Luciano Moia, Edizioni San Paolo), que reúnem muitas histórias tocantes, mas também conta sobre o nosso trabalho de escuta e acolhimento feito por muitas pessoas, que querem que as pessoas LGBT na Igreja não sejam mais "filhos de um Deus menor".
Dom Carrega conta que também agradeceu ao Papa Francisco pela Amoris laetitia, a segunda exortação apostólica do Papa Francisco. “O Papa ouviu e sorriu. Eu disse a ele que esse texto nos encoraja como agentes da pastoral LGBT a seguir em frente. Cumprimentando-o, eu lhe disse: Sua Santidade, você tem duas mãos. Com uma nos mostre o caminho e com a outra nos proteja, porque ainda existe preconceito e discriminação injusta das pessoas LGBT na Igreja”.
Dom Gian Luca também se comoveu. “Meus olhos estavam cheios d’água quando escutei o trecho da Escritura proposto esta manhã na Audiências, no trecho em que Pedro diz nos Atos dos Apóstolos que “Deus não faz acepção de pessoas”. Parecia escrito para nós”.
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Cristãos homossexuais encontram o Papa Francisco: “Não somos mais filhos de um Deus menor” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU