O Papa e o Apostolado com os LGBT+. Artigo de Luís Corrêa Lima

Foto: Astrobobo | Pixabay

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

19 Agosto 2022


"Apostolado do padre James Martin e da irmã Jeannine Gramick com os LGBT+ é a linha de apostolado que o papa tem demonstrado apoio". 

 

O artigo é de Luís Corrêa Lima, sacerdote jesuíta, professor da PUC-Rio e autor do livro Teologia e os LGBT+: perspectivas históricas e desafios contemporâneos (Ed. Vozes), publicado por Dom Total, 17-08-2022. 

 

Eis o artigo. 

 

O papa Francisco escreveu novamente ao padre jesuíta norte-americano James Martin, conhecido por seu trabalho com os LGBT+. Uma novidade importante nesta carta é a referência explícita ao “Outreach 2022”, um evento cujo folheto o papa recebeu semanas antes. Trata-se da Conferência do Ministério Católico LGBTQ, planejada para se realizar na Universidade de Fordham, em Nova Iorque, nos dias 24 e 25 de junho, mês do Orgulho LGBT+. Francisco felicita Martin por conseguir realizá-la presencialmente e conclui: “Encorajo-vos a continuar trabalhando na cultura do encontro, que encurta distâncias e nos enriquece com as diferenças, tal como fez Jesus, que se aproximou de todos”.

 

Sobre a realização da Conferência, participantes testemunharam que todo o evento foi edificante e criou um ambiente em que católicos LGBT+, pais e aliados se reunissem, criassem comunidade e se sentissem bem-vindos em um espaço eclesial seguro. Constatam que há muito poucos espaços na Igreja onde eles podem ser plenamente quem são, expressando sua pertença sem reservas. Sentiram-se à vontade para discutir problemas e oposições que enfrentam neste ministério. Comentaram que muitos na liderança da Igreja possuem uma compreensão incompleta de quem são os católicos LGBT+ e de que necessidades têm, especialmente quando estes não são brancos, homens e privilegiados.

 

Um dos depoimentos mais marcantes e encorajadores foi o da irmã Jeannine Gramick, fazendo um balanço de seus 50 anos neste ministério. É uma vida de muita luta que enfrentou muitos anos de duras oposições, incluindo condenações eclesiásticas. Ela disse:

 

“Cada pessoa tem a responsabilidade de contar sua história, mas contar nossas histórias pode ser muito assustador. Muitas pessoas LGBTQ sentiram medo durante grande parte de suas vidas. O que minha família vai dizer se eu contar minha história? Os paroquianos que me conhecem ainda me respeitarão e não me excluirão? Contar nossas histórias envolve risco. Pode significar pular de um galho sem ninguém para nos amparar se cairmos.

 

[...] Deus cuida de nós se confiarmos, mesmo quando tivermos medo de falar ou realizar ações que acreditamos serem corretas, embora possam não garantir um resultado bem-sucedido. Proclamar a nossa verdade, especialmente quando ocupamos uma posição minoritária, seguindo por onde acreditamos que Deus nos chama, mesmo que o caminho pareça sombrio, enfrentando uma situação injusta na igreja ou na sociedade – essas e outras circunstâncias parecem nos levar para além de onde ‘pessoas sensatas’ vão.

 

Mas Deus está sempre conosco. Somos chamados a arriscar subir e ir àqueles galhos de árvores porque é aí que encontraremos uma recompensa frutífera. Eu colhi este fruto em 2021, quando o papa Francisco me escreveu parabenizando-me pelos meus 50 anos de ministério com os LGBTQ”.

 

O apostolado do padre James Martin e da irmã Jeannine Gramick com os LGBT+ é a linha de apostolado que o papa tem demonstrado apoio. Nesta mesma linha está a Rede Global de Católicos Arco-íris e a Rede Nacional de Católicos LGBT. Assim se promove a cultura do encontro que nos enriquece com as diferenças, a exemplo de Jesus que se aproximou de todos.

 

Leia mais