24 Agosto 2022
Com base na Confissão de Acra, proferida pelas igrejas reformadas em 2004 reunidas na capital de Gana, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI), o Conselho Mundial de Missões (CVM), a Federação Luterana Mundial (FLM) e a Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas (WCRC) promovem iniciativas conjuntas para uma Nova Arquitetura Econômica e Financeira Internacional (Nifea).
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Na Confissão de Acra as igrejas reformadas declararam que a economia é uma questão de fé, “pois um sistema econômico que gera pobreza, injustiça e fome protegida por meios militares e assegurada com ideologias controversas é contrária à aliança de Deus com a terra”.
Essa declaração “desencadeou muita discussão ecumênica à medida que igrejas perceberam a importância de aprender a linguagem da justiça econômica”, disse para o serviço de imprensa da FLM o secretário geral da WCRC, pastor Dr. Hanns Lessing.
“Se podemos concordar que os negócios são as letras da fé, então devemos perguntar o que nós, como igrejas, podemos fazer para fazer a diferença”, desafiou.
Por isso, “a teologia importa” e está presente nas iniciativas ecumênicas, e por isso Nifea criou dois projetos muito práticos. O primeiro é o Seminário GEM para uma Economia de Vida, um curso anual de formação sobre liderança, economia e gestão. Um segundo projeto lançado em 2019 nas Nações Unidas em Nova Iorque é a Campanha Zaqueu pela Justiça Tributária.
A campanha ZacTax está ancorada na história de Zaqueu, o cobrador de impostos que, ao conhecer Jesus, arrependeu-se de suas ações prejudiciais e procurou corrigir os erros decorrentes da exploração que praticava. “Embora a divulgação das questões fiscais pelas igrejas seja respeitada, precisamos trabalhar mais para uma missão bem-sucedida e, para isso, precisamos da orientação de treinamento, reflexão e teologia na defesa da justiça econômica”, enfatizou Lessing.
Reformados e luteranos organizam, ainda, conferência sobre direito à liberdade de religião ou crença em diferentes contextos. O foco está centrado na perseguição de igrejas em países não-cristãos, na exploração da liberdade religiosa para justificar guerras.
Lessing é ministro ordenado da Igreja Evangélica da Vestfália. Trabalhou dez anos em seminário da Namíbia, nas cadeiras de teologia e ecumenismo. Ao mesmo tempo, atuou em estudo voltado a ajudar igrejas a lidar com os legados do colonialismo e do apartheid.
A WCRC é uma comunhão global de 235 igrejas em 105 países, que reúne cerca de 100 milhões de cristãos reformados.
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Organismos ecumênicos buscam uma nova arquitetura para a economia mundial - Instituto Humanitas Unisinos - IHU