Austrália. Irmã desafia o concílio plenário a dar testemunho real para todos os batizados

Clare Condon (Foto: Sisters of the Good Samaritan of the Order of St Benedict)

Mais Lidos

  • “A América Latina é a região que está promovendo a agenda de gênero da maneira mais sofisticada”. Entrevista com Bibiana Aído, diretora-geral da ONU Mulheres

    LER MAIS
  • A COP30 confirmou o que já sabíamos: só os pobres querem e podem salvar o planeta. Artigo de Jelson Oliveira

    LER MAIS
  • A formação seminarística forma bons padres? Artigo de Elcio A. Cordeiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

08 Julho 2022

 

A irmã Clare Condon se dirigiu à Segunda Assembleia do Concílio Plenário da Austrália pedindo para que todas as mulheres sejam incluídas no atual discernimento de o que o Espírito está pedindo para a Igreja australiana para assegurar o desenvolvimento do atual ensino da Igreja.

 

A reportagem é publicada por La Croix International, 07-07-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

 

“As imagens de Deus têm poderosas implicações para a identidade, espiritualidade e relacionamento com Deus”, disse a irmã Clare Condon em um discurso ao Concílio Plenário sobre a moção “Testemunhando a igualdade de dignidade de mulheres e homens”, em 5 de julho.

 

Os 277 membros do concílio plenário incluem bispos, sacerdotes, religiosos e leigos. É o quinto concílio plenário da história da Austrália e o primeiro desde 1937, uma iniciativa que o Papa Francisco aprovou em 2018.

 

O Novo Testamento testemunha a inclusão das mulheres em todos os aspectos da vida e missão da comunidade. Os Evangelhos falam do relacionamento de Jesus com as mulheres. Os Atos dos Apóstolos e e as cartas de Paulo relatam o envolvimento da Igreja Primitiva com mulheres e homens.

 

“Esses relatos indicam o relacionamento radical do discipulado com Jesus, Deus e uns com os outros. Esses relacionamentos desafiavam o patriarcado da época e ofereciam uma forma diferente de relacionamentos iguais”, disse a irmã Condon.

 

“Esses insights, particularmente nos estudos das escrituras e na teologia, exigem a inclusão e identificação das mulheres na linguagem dos documentos e rituais da igreja, e na nomeação das múltiplas imagens bíblicas do santo e misterioso Deus”, disse a religiosa das Irmãs do Bom Samaritano da Ordem de São Bento.

 

A irmã apontou como os estudos bíblicos, teológicos, filosóficos e espirituais se basearam e desenvolveram esses entendimentos da relação das mulheres com a Palavra de Deus dentro de uma eclesiologia de plena comunhão, plena participação e chamado à missão.

 

Na sociedade do século XXI, as mulheres mantêm uma relação de igualdade com os homens, na vida familiar, nos encontros pessoais e nas realidades profissionais e é por isso que “nesta mudança epocal”, o Papa Francisco fez a pergunta “Poderia o Espírito estar nos impelindo reconhecer, valorizar e integrar o novo pensamento que algumas mulheres estão trazendo para este momento?”.

 

Uma vez que o arbítrio é a capacidade de dar sentido ao próprio ambiente e experiência por meio de ação reflexiva e intencional, as mulheres devem ser incluídas no discernimento contínuo do que o Espírito está pedindo à Igreja australiana e no desenvolvimento do ensino contínuo da Igreja, particularmente no que diz respeito para a construção de sentido de sua fé, espiritualidade e educação teológica, disse ela.

 

“Todos os batizados são chamados a participar do papel sacerdotal, profético e real de Jesus, o Cristo”, disse a irmã Condon.

 

No entanto, ela apontou para o desequilíbrio de poder dentro da Igreja Católica Australiana, onde a tomada de decisões nas dioceses e paróquias é realizada pelo clero.

 

Os leigos em geral são excluídos e urge aos participantes do concílio plenário que aprendam com a Igreja global, onde há exemplos de modelos colaborativos de governança.

 

Testemunhar a igualdade de dignidade de mulheres e homens é dar testemunho “por ações reais e evidenciais da verdade da igual dignidade de todos os batizados dentro da comunidade eclesial”, disse ela.

 

“Testemunhar carrega a responsabilidade de indicar através da prática, estrutura e processo que esta verdade é experimentada em todos os níveis da comunidade católica, como uma Igreja Cristocêntrica”, disse a irmã Condon aos participantes do concílio plenário – a maior instância da Igreja Católica no país, que tem elaborado normas para a governança e autoridade, sujeitas à aprovação de Roma.

 

A irmã Condon, que ingressou nas Irmãs do Bom Samaritano em 1969, aos 20 anos, foi líder congregacional de 2005-2017. Atualmente ela é presidente da organização Religiosos da Austrália contra o Tráfico Humano.

 

Ela trabalhou em várias dioceses australianas, no Japão, Filipinas e Kiribati. Em maio deste ano ela recebeu um doutorado honoris causa pela Universidade Católica Australiana, em reconhecimento à sua contribuição para a justiça social na Austrália.

 

Leia mais