Renato Freitas participa de evento em igreja onde fez protesto usado para cassar seu mandato

(Foto: Reprodução | Renato Freitas | Instagram)

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28 Junho 2022

 

Advogado teve mandato de vereador (PT) cassado pela ala governista da Câmara de Curitiba, interessada em calar a luta antirracista.

 

A reportagem é publicada por Rede Brasil Atual, 27-06-2022.

 

Perseguido até ter seu o mandato cassado pela Câmara de Curitiba, após promover manifestação antirracista na igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito, na capital paranaense, o advogado Renato Freitas participou ontem (26) do evento “Religiões contra o Racismo”, na mesma igreja. Ele foi convidado pela Arquidiocese de Curitiba, que desde o início do caso se manifestou em defesa do agora ex-vereador pelo PT. “É muito louco pensar que, por conta de um ato antirracista que fizemos nesta igreja, parte dos vereadores entendeu que eu devo perder o mandato”, disse.

 

O templo é ligado historicamente à população preta curitibana. “Ao final, inauguramos uma placa com o nome original da igreja, e com isso, abrem-se novos tempos neste templo e na cidade. Tempos em que a luta contra o racismo passou a ser debatida na Câmara. Uma pena que a maioria dos vereadores, seguindo as ordens do prefeito, preferiu cassar quem luta contra o racismo, não quem o pratica”, afirmou o jovem, negro e periférico ativista.

 

Ao lado de Freitas, participaram do evento lideranças católicas. “Estavam lá várias lideranças religiosas, entre elas, o arcebispo de Feira de Santana (BA), Dom Zanoni, e o teólogo, filósofo e professor Leonardo Boff”, contou o ex-vereador. No início do mês, Boff havia participado de uma audiência pública organizada pelo mandato de Freitas, quando chamou a cassação iminente de “delírio racista”. “Uma coisa que tem que ficar bem clara é que não houve a profanação do espaço, mesmo desse espaço simbólico. Tudo isso que está acontecendo parece um delírio, um delírio racista, é um delírio desumano”, disse Boff na ocasião.

 

‘Delírio racista’

 

A defesa de Freitas tenta agora anular na Justiça a decisão pela cassação do mandato do parlamentar. O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) João Pedro Stédile esteve em Curitiba neste fim de semana e se encontrou com o ex-vereador. Ele disse esperar uma ação firme da Justiça contra o racismo. “Estive em Curitiba. Participando dos muitos debates e trocas de experiências da Jornada de Agroecologia. E pude manifestar nossa solidariedade ao companheiro Renato Freitas, vereador cassado pelo racismo dos seus colegas. Espero que o Judiciário faça justiça e recupere seu cargo, que é do povo trabalhador das periferias de Curitiba”, disse.

 

Freitas foi cassado por 25 votos a sete. “Todos os vereadores declarados negros da câmara de Curitiba votaram contrários à cassação do Vereador Renato Freitas. Será que é sobre racismo institucional ou não?”, questionou sua companheira de partido, a vereadora Carol Dartora. “A cassação do mandato do vereador Renato Freitas é vergonhosa e enfraquece o sistema democrático já que teve motivação exclusivamente racista”, reforçou o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP).

 

A também deputada federal Fernanda Melchiona (Psol-RS) se levantou contra o processo. “Foi votada a cassação em primeiro turno do mandato do vereador Renato Freitas em Curitiba. Um jovem negro e de esquerda perseguido pelas posições políticas. O racismo se expressando mais uma vez. Toda nossa solidariedade a Renato e repúdio aos que votaram por esse absurdo”, disse.

 

 

 

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