Colômbia. Terceiro ‘round’ no segundo turno

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15 Junho 2022

 

“Não é Churchill, mas é o que temos”. Essa foi a frase, tão lapidar quanto eloquente, que ouvi na mesa ao lado no aeroporto El Dorado, em Bogotá (Colômbia), enquanto tomava um café esperando a partida do meu voo.

 

A reportagem é de Alfredo Serrano Mancilla, publicada por La Jornada,14-06-2022. A tradução é do Cepat.

 

Um senhor de gravata fez este comentário ao seu colega de trabalho em clara referência ao resultado eleitoral de Rodolfo Hernández no primeiro turno e com vistas ao que poderia acontecer no dia 19 de junho.

 

O candidato surpresa chamou a atenção de próprios e desconhecidos por ter chegado à grande final contra Gustavo Petro. Um desconhecido para muitos, agora submetido a infinitas tentativas (forçadas) de espartilhar-se através de categorias simples.

 

Mas não. Na política, como na vida, não existe atalho simples para um fenômeno complexo.

 

Quem é Rodolfo Hernández? Em parte, ele é um velho político que conseguiu se reinventar como novo e diferente graças, precisamente, à vitória política de Gustavo Petro e ao que representa o Partido Colombia Humana. A alternativa progressista ampliou o quadro do que é possível neste país.

 

Que paradoxo (democrático)!

 

Embora possa parecer que estamos em um segundo turno, na verdade estamos no terceiro assalto.

 

O primeiro assalto teve a ver com a disputa entre o petrismo (Petro) e o uribismo (Uribe), com tudo o que isso significa. E, em grande parte, esse jogo já foi liquidado. Uribe deixou de ser o centro de gravidade da política colombiana. Tem sua força institucional, midiática, econômica e militar, sem dúvida, mas em termos de apoio popular foi relegado a uma minoria. Há alguns anos, a matriz de valores e significados comuns na Colômbia não é uribista. É outra coisa.

 

O segundo assalto está vinculado à ideia de Mudança, que na Colômbia é muito mais que um slogan de campanha. Esta batalha também está vencida. O país mudou e continua mudando. A grande maioria quer deixar para trás o velho país com suas desigualdades e injustiças, e anseia por um Estado que garanta os direitos sociais; mais paz do que violência; um modelo econômico mais produtivo, sem máfias ou corrupção; um sistema tributário sem privilégios; com relações internacionais soberanas. Esta mudança também tem seu correlato eleitoral: os dois candidatos mais votados monopolizaram dois terços dos votos válidos. Ambos representam a mudança, cada um à sua maneira. Petro em um sentido muito definido e Hernández de uma maneira muito menos clara.

 

E agora estamos às vésperas do segundo turno que constitui realmente um terceiro round político. O que está em jogo a partir de agora é saber para onde ir. A mudança implica deixar para trás uma etapa anterior, mas não se conhece necessariamente o rumo a seguir.

 

Se se aproxima um novo plebiscito político que terá que definir, por um lado, se as duas vitórias anteriores (fim do uribismo e Mudança) serão duradouras ou se, ao contrário, foram meramente circunstanciais. A proposta de Hernández transitará entre marcos superficiais sem que nada de profundo seja modificado.

 

E, por outro lado, está em disputa o modelo econômico e social. Hernández seguramente optará pelo gotejamento sem querer afetar os privilégios dos de cima. Um clássico da doutrina do empresário que chegou à presidência. Como Piñera, como Cartes, como Macri, como Lasso. Já conhecemos seus resultados. Os de sempre vencem às custas dos de sempre. E, diante disso, Petro quer um Estado de Bem-Estar como pivô, em que a justiça social sirva de alavanca para o crescimento. E onde a economia real prevaleça sobre a especulação financeira e a produção interna sobre a exportação de matérias-primas sem valor agregado. São dois caminhos conflitantes. Ambos no quadro do capitalismo, mas diametralmente opostos.

 

Em suma, nesta terceira disputa política, que coincide com o segundo turno eleitoral, a escolha é entre Hernández, o que temos, e outra opção, Petro, que não sabemos se se tornará uma espécie de Churchill colombiano, mas que certamente possui todos os atributos para ser um grande estadista.

 

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