23 Março 2022
O Papa Francisco volta a denunciar o "escândalo" do "gasto em armas": é uma escolha que "leva tudo e todos para trás”. Essas são as palavras que o pontífice disse ontem, ao receber os representantes da organização voluntária Ho avuto sete no Vaticano. "Certas escolhas não são neutras", disse Bergoglio. "Alocar grande parte da despesa para as armas significa retirá-la de outro setor", ou seja, "tirá-la novamente de quem não tem o necessário".
A reportagem é de Luca Kocci, publicada por il manifesto, 22-03-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Poucos dias após a aprovação por larga maioria pela Câmara (contrários Alternativa, Europa Verde e Sinistra Italiana) da agenda proposta pela Liga que compromete o governo a elevar os gastos militares de 1,5% para 2% do PIB até 2024 (ou seja, de 25 a 38 bilhões de euros por ano), o discurso do papa parece ser dirigido também aos parlamentares italianos. “Quanto se gasta em armas, terrível! - acrescentou Francesco, integrando o texto escrito. Não sei qual é a porcentagem do PIB, não tenho o valor exato, mas é uma porcentagem alta.
Gasta-se em armas para fazer as guerras, não só esta, que é muito grave, que estamos vivendo agora, e a sentimos mais porque está mais perto, mas na África, no Oriente Médio, na Ásia, as guerras contínuas”. Em vez disso, “é preciso criar a consciência de que continuar a gastar em armas suja a alma, suja o coração, suja a humanidade. De que serve empenharmo-nos todos juntos, solenemente, em nível internacional, nas campanhas contra a pobreza, contra a fome, contra a degradação do planeta, se depois voltamos ao velho vício da guerra, à velha estratégia do poder dos armamentos, que leva tudo e todos para trás? Uma guerra sempre te leva para trás, sempre”.
Das afirmações de Bergoglio – que, inclusive, não são novas – parece diferir o que foi declarado há poucos dias pelo secretário de Estado vaticano, cardeal Pietro Parolin, em uma entrevista ao semanário católico espanhol Vida Nueva: "O direito de defender a própria vida, o próprio povo e o próprio país às vezes também comporta o triste recurso às armas", disse Parolin, respondendo a uma pergunta sobre o envio de armas da Europa para a Ucrânia.
"O uso de armas nunca é algo desejável, porque sempre comporta um risco muito alto de tirar a vida às pessoas ou causar lesões graves e danos materiais terríveis", acrescentou o secretário de Estado do Vaticano, que se ateve às posições tradicionais da "guerra justa" e "do Direito Humanitário Internacional", recomendando a "ambos os lados" de "se abster do uso de armas proibidas" e "proteger os civis". No entanto, concluiu, "embora a ajuda militar à Ucrânia possa ser compreensível, a busca de uma solução negociada, que silencie as armas e previna uma escalada nuclear, continua sendo uma prioridade". Um pequeno desvio Vaticano da linha do papa, até agora atestada sem incerteza sobre o não às armas.
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O papa corrige Parolin: “O gasto com armas é escandaloso, terrível” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU