Há 15 anos comprometido com a formação permanente do clero, o Pe. Antonio Torresin (1961) é atualmente pároco da Igreja de San Vito al Giambellino, em Milão. Em seu novo livro, “Uomo come gli altri. Riflessioni sulla laicità di Gesù” [Homem como os outros. Reflexões sobre a laicidade de Jesus, em tradução livre] (Ed. Terra Santa, 2021, 158 páginas), ele transcreve as reflexões nascidas em uma peregrinação à Terra Santa.
O fio condutor das suas meditações é sublinhar a índole secular, laical da figura de Jesus, a caminho pelas estradas de Israel. Criado longe do templo, não pertencente ao mundo religioso oficial, Jesus viveu a sua vida completamente imerso na existência dos seus correligionários. Normal demais para ser verdade que ele era o Filho de Deus!
O comentário é de Roberto Mela, teólogo italiano e professor da Faculdade Teológica da Sicília, em artigo publicado por Settimana News, 09-11-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Ele começa o seu ministério na Galileia dos gentios, espelho da cidade secular na qual é preciso encontrar Jesus hoje. Terra de fronteira, lugar insignificante, terra de mestiçagem religiosa e social, periferia. Mas, no tempo da inevidência de Deus – escreve Torresin –, devemos vê-lo nas situações aparentemente mais distantes, “reconhecer que o amor de Deus está agindo no mundo, [...] reconhecer, na concretude da existência, Deus que gera a sua vida, ama, eleva, salva, convida todos a serem eles mesmos” (A. Fossion, cit. p. 23). Mas, primeiro, é preciso assimilar a língua do Evangelho, adquirir o olhar de Jesus.
Quem tem um carisma secular tem a tarefa de habitar o mundo como uma oportunidade extraordinária para reconhecer Deus em ação e figuras do Evangelho por meio das quais Ele anima este mundo. Na Galileia, Jesus testemunha a atitude de ver Deus em ação nos afetos, nas relações, mesmo onde a presença de Deus parece impossível.
TORRESIN, Antonio. Uomo come gli altri. Riflessioni sulla laicità di Gesù. (Milão: Edizioni Terra Santa, 2021, 158 páginas)
Em cerca de 20 capítulos, Torresin repassa vários lugares da terra de Jesus: os 30 anos de Nazaré não são uma preparação para a redenção, são eles mesmos uma redenção já iniciada.
Em Nazaré, vemos o Evangelho aprendido na obediência e nos afetos humanos. Jesus aprende a gramática do humano, incubando a Palavra, absorvendo a religiosidade familiar, a expectativa de Israel, a esperança das pessoas. Jesus aprende a gramática do humano habitando com os pobres. Ele se torna um lugar de revelação e da salvação que Deus dá ao seu povo.
É o tempo em que Jesus incuba a palavra para assumir nas fibras de sua humanidade a linguagem com que ele se dirigiria aos homens e mulheres. É o tempo no qual ele assumiu a capacidade de entrever a boa notícia dentro do mundo. Aprendeu muito sobre o trabalho, sobre os vínculos humanos, sobre a dimensão religiosa. A partir dos pobres, aprendeu a confiança em Deus, como se voltar para Deus com confiança mansa e desarmada.
Seguindo principalmente o Evangelho de Marcos, o autor reflete sobre Cafarnaum e sobre os lugares do ministério de Jesus: a sinagoga (onde ele purifica o mundo religioso), a casa com as suas feridas (a dimensão cotidiana e íntima da vida), a praça e o lago (a dimensão pública da vida e do trabalho), a estrada (lugar de encontros pessoais, símbolo de uma condição de peregrinação, de mendicância).
O Evangelho passa pela trama dos encontros “profanos”, seculares. Os discípulos – uma fraternidade improvável – estão entre Jesus e a multidão, marcados também por conflitos e divisões, mas curados e unidos pela palavra de Jesus. É preciso saber habitar os lugares da vida, ancorados ao mesmo tempo em Jesus e no povo.
Em Cafarnaum, durante o trabalho no lago, Jesus chama os discípulos a partir do seu “nada”, e eles respondem indo a águas mais profundas, confiando na sua palavra. No lago, ocorre a experiência da fé unida ao medo. Há o medo do fracasso da missão, da escassez dos recursos, de errar na escolha. O desafio é atravessar o medo e chegar à fé, confiando em Jesus que está ao nosso lado.
As bem-aventuranças são lidas como a transcrição da santidade em uma dimensão secular, são uma santidade acessível a todos (cf. o bom samaritano). Elas descrevem Jesus e são o olhar com que ele reconhece as figuras do Evangelho ao seu redor. “Não há nas bem-aventuranças uma atitude que nós definiríamos como religiosa: são homens pobres, choram, buscam a paz, são pela justiça, têm um coração puro, sem duplicidade, é isso que os caracteriza” (p. 57). Para viver o novo humanismo proposto pelo Papa Francisco, é preciso humildade, desinteresse, alegria que pode brotar das lágrimas e da perseguição.
Nas bem-aventuranças, Jesus oferece um mapa para aprender a ler a presença de figuras do Evangelho no mundo, não necessariamente religioso. Para ser bem-aventurado e degustar a consolação da amizade com Jesus é necessário ter o coração aberto ao Espírito Santo.
Na divisão dos pães, emerge uma nova economia de vida. Não a do cálculo para salvaguardar a própria sobrevivência, mas a lógica da partilha. Não podemos multiplicar, mas podemos compartilhar. A lógica do pão, Jesus aprendeu em casa. É a lógica do pouco, daquilo que parece insuficiente, mas que, em vez disso, ensina a viver com o essencial, partilhado em mesas de 50 e 100 pessoas livres.
No Tabor, os três discípulos estão com Jesus porque ele os atraiu e os levou consigo. O que ocorre com Jesus, a transfiguração e a revelação, é a visibilização de uma verdade íntima, a da presença divina, de uma comunhão que dá luz à vida.
A humanidade de Jesus se torna luminosa, transparência de Deus, lugar que permite ver o rosto de Deus, humanidade plena. “A sua Transfiguração é a nossa felicidade possível, a nossa própria transformação para a verdade de nós mesmos” (p. 74).
Conversando com Moisés e Elias, Jesus abre uma fenda sobre o seu futuro, no outro monte que o espera, o Gólgota. O Tabor é necessário para suportar o Gólgota. Medo e atração enchem os discípulos. O Tabor e a oração duram pouco, mas o importante é permanecer apegados a Jesus, escutar apenas a ele. O estado de embriaguez não permanece, o importante é que permaneça o vínculo com Jesus.
A adoração é olhar Jesus e ser olhado por ele, encontrar nele tudo da nossa vida. Um encontro muitas vezes sem palavras, encanto e alegria de saber que o outro está ali, mais presente do que nós. A sua presença nos faz existir ainda.
O milagre da cura do menino epiléptico dá lugar ao que mais importa: as instruções para os discípulos incrédulos. Tudo é possível para quem crê, e a oração é o acesso na fé ao poder de Deus. Quando alguém crê, o poder de Deus pode tudo nele, faz milagres.
Os textos de Eclo 2,1-5 e Dt 8,2 ensinam que, para servir ao Senhor, é preciso se preparar para a prova. O deserto é o lugar da prova que pode fazer subir o lamento, mas não a murmuração pelas costas. O deserto nos torna sábios e faz emergir aquilo que temos no coração. É também o lugar da dor, escândalo a ser combatido, certamente, mas que também pode levar a aprender realidades inacessíveis de outra forma. Eu entendo que amo uma pessoa quando sofro por ela.
O deserto é também o lugar do amor esponsal, a ser reencontrado quando é perdido. Lugar onde se sente a própria pequenez diante da incomensurabilidade de Deus. Lugar de “temor” em relação a Deus, que cuida de nós.
O deserto transforma a tentação em oportunidade de crescimento, de trabalho sobre si mesmo, confiando em Deus. O deserto se encontra no cotidiano, feito de isolamento (negativo) e de solidão (a ser tratada com a fraternidade, sabendo, porém, que existe também uma solidão da fé). No deserto, podemos descobrir a intimidade com Jesus que nos precedeu e, de vez em quando, também o seu envio de “anjos” na pessoa dos irmãos e das irmãs.
Em Belém, inicia o mistério da encarnação. Jesus toma o mundo sobre si, igualmente no berço quanto na cruz. É a fidelidade de Jesus ao habitar o mundo que o leva até à paixão. O cristão não olha apenas para o céu e para dentro de si. Olha para uma criança. Deus não se esquece do seu povo, habita a nossa vida.
O sorriso do menino diz que Deus está feliz e contente com este mundo. O cristão olha para o mundo do lado do Menino e depois aprende a olhar o mundo com os olhos de Jesus. Através da história e das gerações passa o bem de Deus, a sua bênção que passa de uma vida gerada a outra. A grande bênção é Jesus mesmo, que se transmite mediante a fé dos discípulos.
Habitar o mundo – lembra Torresin – é uma figura sintética que expressa um estilo, feita de palavras e de gestos. A visitação de Maria a Isabel é um modo dinâmico de testemunho, mediante o serviço, e tudo ocorre simplesmente em uma saudação mútua. Dá-se e recebe-se, com humildade.
O encontro, uma visita, um serviço iluminam a vida no outro. A saudação é uma bênção, é reconhecer o bem no outro. Quando você o reconhece, o outro também se torna consciente dele.
Na secularidade ocorrem encontros evangélicos, que preparam para a fé. Existe uma humanidade que permite que coisas maravilhosas aconteçam.
João Batista habita o mundo testemunhando a verdade, com coerência, sem se vender, relacionando-se com o poder. Cria um contato, faz-se ouvir, consegue falar à consciência de Herodes. Desperta o senso de justiça, a capacidade de discernir o bem do mal. O Batista tem uma palavra forte, porque é explicada com a vida.
Seu testemunho público parece terminar no fracasso. O seu testemunho é forte, chegando ao martírio, antecipando a morte de Jesus Messias. Maria e Batista dão testemunho por meio do dom da vida: alegria do encontro pessoal e coragem de um testemunho público.
Na noite do Getsêmani há a oração da luta. Em Jesus, misturam-se tristeza e abandono. A dor e a angústia estão reunidas na capacidade de se entregar ao Pai. Jesus luta contra o mal e a morte, mas, quando esta já é inevitável, ele percebe a vontade última do Pai e transforma o lugar do mal em um lugar de comunhão.
Os discípulos estão sobrecarregados de sono, mas também pelo fato de não entenderem o que está prestes a acontecer. A sua oração se torna um repousar, um dormir na oração eucarística de Jesus que os guarda.
A prisão de Jesus nos coloca diante de um Messias derrotado. A sua morte tem um aspecto escandaloso que não deve ser cancelado. Quanto mais Jesus ama, mais o mistério do mal está presente. A morte de Jesus nos salva porque é amor que doa a si mesmo, obtendo a nossa libertação do mal.
A sua morte é “transfigurada em um ato extremo de comunhão com o Pai e com os homens e mulheres. Jesus transforma a morte, assume-a e vive-a como o ato extremo e definitivo com o qual se entrega ao Pai e aos homens e mulheres, isto é, um ato de amor” (p. 123).
A morte de Jesus é um sacrifício existencial, fora dos muros da cidade, fora do templo, um novo culto, a nova oração, a verdade de todo culto. “O Deus de Jesus na cruz é o Pai que reconhece a força salvífica de uma vida doada por amor. Ele, o Filho, torna-se o cordeiro imolado que, no dom de si mesmo, vence o mal [...]. Jesus o carrega sobre si mesmo e, em vez de devolvê-lo fazendo-o recair sobre outros, entrega a si mesmo em um ato de amor ainda maior; isso rompe o poder demoníaco e mortífero do mal. E, a partir daí, gera-se uma vida nova, que é precisamente a ressurreição” (p. 124).
O caminho doloroso de Jesus permite que os discípulos atravessem todo o mal do mundo, fazendo da vida um dom, uma entrega ao Pai e aos irmãos e irmãs.
As lágrimas de Madalena são lágrimas de fé. No ser humano, existem apegos e cegueiras, mas também existem perdas que abrem os olhos. Pode-se perder, mas é importante não se perder.
Madalena escuta o seu nome, volta-se, vê e toca Jesus com fé pascal. Aceita a novidade de uma relação diferente com Jesus. Entende que é uma partida, não um abandono. No fim, deixa-o, para partir de uma nova maneira. A distância cria uma nova modalidade de proximidade. Entre o reconhecimento e o desapego, o Ressuscitado concede os seus dons: o Pai e os irmãos, os seus discípulos. É a eles que Maria Madalena deve voltar, porque, na comunhão com eles, Jesus estará sempre presente.
Em Tomé, a fé eclesial se confronta com a incredulidade. Tomé não se contenta, busca. Manifesta a Jesus as suas feridas e dilacerações. No sinal dos pregos, encontra a prova decisiva de ser amado, esperado, entendido. Assim como Tomé, nós também podemos encontrar Jesus como ele é: doce, misericordioso, terno, paciente. Nas chagas do Ressuscitado, contemplamos a Divina Misericórdia.
O caminho da fé é pessoal, mas também tem uma dimensão comunitária. Não cremos sozinhos. Jesus dá a paz aos seus, mostra os sinais da fidelidade de um Deus que não abandona. Jesus dá o Espírito e confia um mandato. A comunidade é hospitaleira em relação a Tomé ausente, respeita os ritmos do seu caminho que quer reler a ferida aberta da morte dramática de Jesus.
Para o evangelista João, há tensão entre ver e crer. Ambos são necessários. Tomé passa da incredulidade à fé por meio da releitura dos eventos dramáticos da Paixão. Isso foi narrado para que a sua experiência possa ser a nossa. Crer é difícil, e o traço secular da fé dos discípulos hoje passa hoje por meio da descrença do mundo, devido ao mal. Os Doze narraram a sua traição para que todos pudessem crer e ninguém pensasse que é tão incrédulo e assustado a ponto de não poder ser uma pessoa de fé.
As mulheres vão ao túmulo de Jesus no contexto iniciático da vigília, no início de um tempo novo. Entrar no túmulo é como reviver e passar pela morte, pela interrupção dramática da relação de afeto, da esperança, da fé. Existe um vínculo inseparável entre o Crucificado, a morte, a paixão e o Ressuscitado, o Vivente, o anúncio da ressurreição.
As sete frases do anjo nos fazem passar do medo à esperança, identificam Jesus com o Nazareno crucificado, indicam uma ausência que remete a uma nova presença que abraça todos os espaços e todos os tempos. O túmulo vazio é um sinal de que Jesus não está mais na morte. Será possível encontrá-lo ressuscitado na fé de um anúncio: Jesus havia falado, especialmente a Pedro, do encontro na Galileia. As mulheres deverão referir apenas aquilo que Jesus já disse na sua vida: o seu Evangelho.
A Galileia é um “além” onde Jesus precede. Ela é o lugar das primeiras aparições a Pedro. A fé pascal é fé apostólica, significa refazer o caminho dos discípulos. A Galileia é o espaço aberto a um horizonte universal para todos os povos. A mensagem que as mulheres e os discípulos devem proclamar se abre a todos os povos.
A Galileia é o lugar onde Jesus nos precede, precede o discípulo que deve segui-lo “estando atrás”. Por fim, ela é o lugar da memória, onde é possível retomar tudo o que foi dito e feito por Jesus e que agora encontramos no Evangelho, a ser relido à luz da Páscoa.
As mulheres “fogem” porque agora devem “viver” o relato, ir à Galileia, ser precedidas pelo Senhor, reencontrar os discípulos, Pedro, a memória fundadora. Somente vivendo a fé discipular é que elas podem encontrar aquele Jesus que buscavam.
O medo é o princípio da sabedoria; é medo e ao mesmo tempo “êxtase/ekstasis”. “Em Marcos, o medo é sobretudo catártico e iniciático. O medo prepara para a acolhida do grande Presente. E o silêncio numinoso que se segue ainda está imbuído daquela reverência alegre que Marcos, com toda a Bíblia, chama de temor/medo” (p. 146).
Voltar com alegria à cidade é o caminho dos dois discípulos de Emaús e do peregrino que volta da Terra Santa. Jesus acompanha e ilumina o caminho dos dois, aquecendo os seus corações. Mas a presença não é suficiente. É preciso o gesto de hospitalidade, que os salve e permita a recomposição dos vínculos que permaneceram suspensos. Os dois a haviam aprendido com Jesus, e ela se torna a centelha do reconhecimento. Os vínculos se iluminam pela estrada. Uma graça que só pedia para ser acolhida e autorizada a entrar.
O relato exemplifica o modo como nasce a fé pascal. É o protótipo daquilo que todo discípulo revive. A uma comunidade dispersa, segue-se um reconhecimento novo. As esperanças, as perguntas, as feridas são trazidas à tona. O Senhor acompanha não só quando nós o reconhecemos, mas muito mais, e isso dá paz e consolação.
Quando nos interrogamos e lemos as Escrituras reunidos com outros, o Senhor está presente, dá-se a conhecer por um instante para que o restante seja novamente compreendido e surja uma nova energia que disponha a um novo caminho.
O relato também evidencia a dimensão fraterna. Há uma fraternidade dispersa, perdida, mas a estrada mantém os dois discípulos juntos como companheiros de viagem. Ao pressentimento, segue-se o reconhecimento, graças ao momento sacramental em que Jesus repete o gesto de partir o pão, mas também graças ao gesto de hospitalidade feito pelos dois. O viandante não os deixou sozinhos, deixou o seu corpo em memorial. Mas os dois também não deixam o Estrangeiro sozinho, cuidam do outro e dos vínculos doados pela vida. Duas formas diferentes do sacramento.
A fraternidade é “a passagem necessária, sem a qual nem sequer se tem certeza de Deus, da ressurreição, da presença do Senhor” (p. 154). A fraternidade, enfim, é reencontrada. Os discípulos pareciam perdidos, mas o Senhor os manteve unidos. Com alegria, recebem e doam relatos.
A comunidade cresce quando se compartilha a própria experiência do Senhor. “Acho que devemos aprender mais a contar a nós mesmos – escreve o autor –: a fraqueza da fé está ligada à fraqueza dos relatos” (p. 155).
A comunidade hospeda as histórias de fé de homens e mulheres que talvez haviam se perdido, mas que depois o Senhor acompanhou e que a comunidade não repreende porque foram embora: ela é capaz de escutar as suas histórias.
“Voltar às nossas cidades – conclui Torresin – sob a insígnia desse texto significa, então, voltar um pouco para contar, mas depois pensar que é realmente uma graça hospedar os relatos [...], porque, nesse entrelaçamento de relatos, o Senhor ressuscitado caminha conosco. Voltar significa reencontrar o rosto de uma comunidade e de uma fraternidade” (ibid).