“Muita miséria, muita necessidade”, relata missionária brasileira no epicentro do terremoto no Haiti

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18 Agosto 2021

 

Pelo menos 1.419 mortos e 6.900 feridos são os últimos números oficiais do terremoto de magnitude 7,2 que atingiu o sul do Haiti no sábado 14 de agosto. Entre os mortos estão dois sacerdotes e entre os feridos está o Cardeal Chibly Langlois.

 

A reportagem é de Luis Miguel Modino.

 

A Igreja latino-americana, assim como a Igreja universal, mostrou desde o início sua solidariedade, sua oração e sua disponibilidade para ajudar uma população duramente atingida pela pobreza, pela violência, o que levou ao assassinato do presidente do país em 7 de julho, e agora um terremoto que causou grande destruição.

 

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A congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, fundada no Brasil por Barbara Maix, está presente no Haiti desde 1987. Atualmente eles têm duas comunidades, em Jeremie e Okay, na região onde ocorreu o epicentro do terremoto e onde as consequências foram mais graves, semeando um panorama de morte e destruição.

 

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No momento são 4 religiosas, três brasileiras, Maria Inês Alves Sampaio, Beloni Luiza Monfardini e Eni Teresinha Azambuja da Silva, e uma haitiana, Estine Jean Charles. Até o momento, há duas religiosas haitianas que fazem parte da congregação. Junto com Irmã Estine, a Irmã Maria Mirca Cineia, que estuda teologia no Brasil, e duas noviças haitianas, também residentes no Brasil no momento: Dieula Samuel e Lourna Bony.

 

O terremoto atingiu exatamente quando as religiosas estavam tomando o café da manhã e embora suas casas ficassem muito danificadas, apenas uma delas ficou ligeiramente ferida. A Irmã Estine Jean Charles, que vive em Jeremie, relata a situação de destruição e morte e a chegada da tempestade tropical Grace, o que torna a situação difícil para o povo, que, segundo ela, "está na rua, não tem onde dormir e agora a chuva e o vento estão chegando".

 

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A religiosa reconhece que por enquanto não há muito que elas possam fazer, as fortes chuvas estão impedindo-os até mesmo de visitar seus vizinhos e os hospitais, que estão superlotados com pessoas feridas, mesmo no pátio, devido à falta de espaço dentro dos hospitais. Além disso, segundo a Irmã Estine, igrejas foram destruídas, inclusive a catedral local, que foi muito afetada.

 

A situação é bastante delicada na região de Okay relata a irmã Maria Inês Alves Sampaio, onde ela mora com a irmã Eni. O povo ainda estava se recuperando do furação Matthew, que em 2016 provocou grande destruição. Aqueles que tinham reconstruídos suas casas, agora com o terremoto vieram todas abaixo novamente, segundo a religiosa. Após o terremoto, as religiosas tem visitado algumas famílias, a única coisa que está ao seu alcance neste momento.

 

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Segundo a irmã Maria Inês, falta de tudo, inclusive água e alimentos. Ele relata informações sobre a chegada de ajuda desde as Nações Unidas, Estados Unidos e outros países, assim como o sobrevoo de vários aviões, uma ajuda que ainda não chegou à população da região onde as religiosas moram. A irmã fala de uma situação de “muita miséria, muita necessidade”, insistindo em que “a fome agora vai chegar, porque desde sábado sem poder trabalhar, porque as mulheres e os homens saem para trabalhar todos os dias, na troca daquilo que eles plantam nos seus jardins para poder ter alguma coisa para comer”.

 

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O trabalho das Irmãs do Imaculado Coração de Maria é na formação, acompanhando 4 jovens, e na pastoral, na visita às famílias, no trabalho com a juventude, a coral, as escolas bíblicas, a formação das lideranças das comunidades eclesiais de base, agroecologia para ajudar os pequenos produtores, escola de música, compartilhando a vida do povo haitiano.

 

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Diante das consequências do terremoto e dos desastres naturais que vem acontecendo no Haiti, “os desafios são muitos também, devido à miséria, à carência de tudo”, afirma a irmã Maria Inês. Segundo a religiosa, “torna-se difícil até a parte da evangelização, porque pela questão cultural, eles esperam muito receber ajuda dos estrangeiros, e isso é um desafio muito grande”.

 

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A missionária brasileira diz que o Haiti “é um país que não tem ainda como andar com as próprias pernas, não conseguiu encontrar um jeito. A questão econômica, política, muito complicada, haja visto o que aconteceu há pouco tempo com o assassinato do presidente”. Em referência ao trabalho da Igreja, a religiosa afirma que “é mais na linha da administração dos sacramentos”, destacando a grande precariedade em que vive a Igreja haitiana.

 

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