O ex-Santo Ofício, uma visão restritiva da sexualidade

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19 Mai 2021

 

O "não" da Pontifícia Congregação para a Doutrina da Fé à questão relativa à possibilidade de dar a bênção às uniões de pessoas do mesmo sexo suscitou (e só poderia suscitar) vívidas perplexidades.

O comentário é do teólogo italiano Giannino Piana, ex-professor das universidades de Urbino e de Turim, e ex-presidente da Associação Italiana dos Teólogos Moralistas, publicado por Jesus, maio-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

Na realidade, o tom do documento vaticano é menos frio e burocrático do que de costume e reconhece nessas uniões a presença de "elementos positivos que também devem ser apreciados e valorizados". Mas, apesar disso, não considera que essa presença seja "capaz de torná-las honestas e, assim, um destinatário legítimo da bênção eclesial, pois tais elementos se encontram a serviço de uma união não ordenada ao desígnio do Criador".

As razões apresentadas para negar a possibilidade de bênção são essencialmente duas. A primeira é que as bênçãos, como sacramentais, devem ser concedidas "somente aquelas realidades que de per si são ordenadas a servir ao desígnio divino", o que comporta que a prática sexual só é legítima no âmbito do casamento entre homem e mulher.

A segunda é o risco de uma possível confusão entre bênção e matrimônio sacramental. Ambas as motivações são, olhando bem, decididamente fracas, tanto porque os sacramentais (e antes mesmo os sacramentos) não são fruto de mérito pessoal, mas um ato gratuito de Deus que vai ao encontro da fraqueza humana, tanto porque a diferença entre bênção e sacramento é bem conhecida.

Mas a razão subjacente à intervenção do Vaticano é o resultado da persistência de uma visão restritiva do exercício da sexualidade, o que impede que a qualidade do amor seja considerada o critério primário para a avaliação ética do comportamento nas relações heterossexuais e homossexuais. A incapacidade de sair do estreito vínculo da sexualidade com a relação matrimonial homem-mulher e com a fecundidade biológica constitui ainda hoje (apesar das aberturas) a maior dificuldade em aceitar a união homossexual e, portanto, a causa da rejeição da benção.

 

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