11 Mai 2021
Sayyed Ali Hoseyni Sistāni é o atual Aiatolá maior ou Grande Aiatolá, guia espiritual e político do Iraque, um ponto de referência para milhões de fiéis xiitas dentro e fora do país, e dirige a "Hawza" (Nota do editor: seminário religioso) na cidade de Najaf. O termo Aiaolá significa "sinais de Alá" ou "sinais de Deus". O Aiatolá é uma figura proeminente no sistema clerical xiita e este título só pode ser obtido após um número considerável de anos de estudo em uma Hawza, sob a constante orientação de um sábio e somente graças ao consenso dos outros aiatolás, como reconhecimento de sua autoridade como guia espiritual e de seu saber. Apenas poucos dos aiatolás mais importantes são reconhecidos como Grandes Aiatolás ou "fonte de emulação". Normalmente, isso acontece quando os seguidores de um aiatolá se referem a ele em muitos casos e depois pedem que publique um texto jurídico-religioso que possa servir como um código de comportamento para os casos mais comuns da vida de um muçulmano.
Nascido em 4 de agosto de 1930, Al-Sistani foi criado em uma família muito conhecida por sua importância religiosa. Seu avô era um grande estudioso xiita, cuja biografia está registrada no livro 'Tabaqaat Al-a'laam Al-Shi`a (Categorias de estudiosos xiitas). Depois de completar uma primeira fase de estudos em Mashhad, ele se mudou para o Iraque na cidade de Najaf para continuar seus estudos superiores. Aqui, ele frequentou aulas de jurisprudência e filosofia e com o título de Grande Aiatolá foi-lhe concedido o direito de "ijtihād" (ou seja, o direito de proclamar interpretações independentes que serão adotadas por seus respectivos seguidores).
A reportagem é de Maria Grazia Moretti, publicada por Il Sismografo, 10-05-2021.
Discípulo do Aiatolá Khou'i, que já o havia elevado ao grau de mujtahid em 1960 - isto é, de autoridade religiosa e legislativa islâmica que conhece e pode expressar interpretações originais da lei islâmica, em vez de aplicar sentenças anteriores já estabelecidas - Al-Sistani assumiu seu lugar na direção do seminário religioso de Najaf (Hawza de Najaf). Na biografia detalhada publicada em seu site oficial, consta inclusive uma descrição de sua personalidade com uma lista de suas qualidades morais. Embora hostil à interferência do establishment religioso na esfera política, Al-Sistani desempenhou um papel importante no nas últimas décadas, uma espécie de deus ex machina capaz de impor mudanças significativas e superar linhas divisórias profundas e sedimentadas. Cada administração governamental formada pela invasão dos Estados Unidos em 2003, que removeu o regime de Saddam Hussein, buscou a benção e a aprovação de al-Sistani. Em tempos de crise, o Grande Aiatolá apelou consistentemente à unidade nacional, a um compromisso e que os representantes eleitos ouvissem a vontade do povo.
Papa Francisco e Al-Sistani (Foto: Vatican Media)
Seu papel foi decisivo em 2014, quando chamou todos os xiitas para lutar contra o ISIS, revertendo as sortes do conflito na Síria. Em 2019, o primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi foi obrigado a renunciar após o pedido de retirada do apoio ao governo pelo líder espiritual Al-Sistani e após sua condenação pela morte de 420 manifestantes antigovernamentais. O encontro com Al-Sistani seria o primeiro gesto relevante do Papa com a parte xiita do Islã e não haveria melhor ocasião para abrir uma passagem nessa frente.
No passado, o Papa se encontrou com religiosos xiitas iranianos, mas este seria o primeiro encontro com um líder religioso não sunita do mais alto nível e carisma. Não somente. Trata-se de um líder religioso muito idoso e doente que, no entanto, ainda exerce uma grande influência moral, espiritual e política, principalmente devido à personalidade de Al-Sistani. Os iraquianos são oficialmente em grande maioria muçulmanos (99% da população). Especificamente, cerca de 62,5% da população é de fé muçulmana xiita e 34,5% é de fé muçulmana sunita. Além do Irã, onde o islamismo xiita tem maioria absoluta, é prevalente no Iraque, no Azerbaijão e no Bahrein; altas porcentagens de xiitas são encontradas no Líbano, Iêmen (zaydites) e Kuwait.
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Aiatolá Maior ou Grande Aiatolá - Instituto Humanitas Unisinos - IHU