22 Janeiro 2021
Um importante cardeal católico se pronunciou contra uma declaração emitida pelos bispos dos Estados Unidos criticando o presidente Joe Biden. Também há preocupações vaticanas sobre o tom da declaração dos bispos.
A reportagem é de Ruth Gledhill, publicada em The Tablet, 21-01-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A intervenção do arcebispo de Chicago, cardeal Blase Cupich, criticando seus próprios bispos é altamente incomum e ilustra as crescentes tensões entre os bispos católicos dos Estados Unidos sobre a nova presidência.
O cardeal Cupich deixou claro que considera a divulgação da declaração dos bispos como um resultado de “falhas institucionais” e prometeu enfrentá-las.
O Papa Francisco refletiu as opiniões de muitos católicos com suas calorosas saudações ao presidente Biden, quando falou sobre reconciliação, bem comum e cuidado pelos pobres. O presidente Biden participou da missa na Igreja de São Mateus Apóstolo, conhecida como Catedral de São Mateus, em Washington, antes da posse. Ele fez seu juramento sobre uma Bíblia que está em sua família desde 1893.
Conhecido e respeitado amplamente como um católico profundamente devoto, o presidente Biden tem uma foto do Papa Francisco em sua escrivaninha. Ele deixou claro ao longo de sua longa carreira que é guiado pelo ensino social católico sobre o bem comum.
No entanto, no comunicado divulgado nessa quarta-feira, 20, o arcebispo de Los Angeles, José Gomez, presidente da Conferência dos Bispos dos Estados Unidos, disse: “Devo salientar que nosso novo presidente se comprometeu a perseguir certas políticas que promoveriam os males morais e ameaçariam a vida e a dignidade humanas, mais seriamente nas áreas do aborto, da contracepção, do casamento e do gênero”.
Uma autoridade vaticana disse a Gerard O’Connell, da America Magazine: “Isso é muito lamentável e provavelmente criará divisões ainda maiores dentro da Igreja dos Estados Unidos”.
E o cardeal Cupich criticou severamente a resposta dos bispos ao novo presidente dos Estados Unidos, apenas o segundo católico a ser eleito presidente.
Today, the U.S. Conference of Catholic Bishops issued an ill-considered statement on the day of President Biden’s inauguration.
— Cardinal Cupich (@CardinalBCupich) January 20, 2021
Ele disse em uma série de mensagens no Twitter: “Hoje, a Conferência dos Bispos dos Estados Unidos emitiu uma declaração imprudente no dia da posse do presidente Biden. A declaração foi elaborada sem o envolvimento da Comissão Administrativa, uma consulta colegiada que é a via normal para declarações que representem e tenham o devido endosso dos bispos estadunidenses.
“As falhas institucionais internas envolvidas devem ser enfrentadas, e eu espero contribuir com todos os esforços para esse fim, para que, inspirados pelo Evangelho, possamos construir a unidade da Igreja e, juntos, assumir o trabalho de cura da nossa nação neste momento de crise.”
Entre os que responderam estava Mark Dowd, um jornalista britânico premiado e autor de “Queer and Catholic”.
Ele disse que “a obsessão com o aborto continua afastando milhões de católicos em todo o mundo. Onde estão esses bispos naquilo que se refere a justiça climática, valores LGBT, mulheres e racismo???”.
E Becky O’Donnell, do Kansas, escreveu: “Então nós temos um presidente católico que é muito público sobre a sua fé, participa da missa semanal, no primeiro dia atravessa o corredor e convida os republicanos a se unirem a ele na missa, faz referência frequente aos ensinamentos católicos, apela para a cura, e a Conferência dos Bispos dos EUA o ataca no primeiro dia. Argh”.
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EUA: cardeal condena declaração dos bispos sobre Biden - Instituto Humanitas Unisinos - IHU