19 Novembro 2020
Encontro virtual desta semana reafirmou que os bispos da conferência episcopal dos EUA permanecem profundamente conservadores.
A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 19-11-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
As conclusões do encontro da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB) miram no presidente-eleito Joe Biden, o que um jornalista sugere que pode se tornar um “confronto” entre líderes da Igreja e o novo governo, particularmente por causa da igualdade LGBTQ.
O arcebispo José Gomez de Los Angeles, no seu papel como presidente da USCCB, fez seus comentários sobre Biden no encerramento da reunião, e não deu oportunidades para comentários de outros bispos. Descrevendo o presidente eleito não apenas como um católico, mas com uma circunlocução de alguém que “professa a fé católica”, Gomez afirma que sobre temas como migração, racismo e pena de morte, pode se ter desenvolvimentos positivos no governo de Biden. Mas o arcebispo continuou:
“Ele também nos dá razão para acreditar que apoiará políticas que vão contra alguns valores fundamentais que são caros a nós católicos. Essas políticas incluem: a revogação da Emenda Hyde e a preservação de Roe vs. Wade... a restauração do mandato do HHS, a aprovação da Lei da Igualdade e o tratamento desigual das escolas católicas”.
Noticiando os comentários de Gomez, Christopher White, do National Catholic Reporter, sugeriu que o arcebispo poderia estar “sinalizando o que poderia se tornar um confronto entre a liderança da Igreja Católica dos EUA e o segundo presidente católico na história dos EUA”. White também informou que a USCCB formou um grupo de trabalho em resposta a uma administração Biden chefiada pelo arcebispo Allen Vigneron de Detroit, que tem um histórico fortemente negativo em relação às questões LGBTQ e que atua como vice-presidente da USCCB.
O colunista Michael Sean Winters, do National Catholic Reporter, descreveu as afirmações de Gomez de que as posições de Biden sobre as questões mencionadas causaram confusão entre os católicos como “um disparate”. O grupo de trabalho, acrescentou Winters, estudaria um “problema inexistente”. Ele também observou as diferenças entre como a conferência responde a Biden agora e Donald Trump há quatro anos:
“Aqui está um link para a declaração que os bispos adotaram há quatro anos. Observe que eles começaram parabenizando o presidente eleito Donald Trump e encerraram prometendo suas orações, nenhuma das quais fez parte da declaração de Gomez desta vez”.
“Gomez precisava enfrentar os presidentes da comissão que o abordaram para fazer essa declaração. Caso contrário, ele precisava enfrentar a equipe que redigiu essa declaração, que era grosseira e inadequada. Em vez disso, ele cedeu aos seus piores instintos e decidiu nadar com os guerreiros da cultura”.
Em 2019, os bispos dos EUA declararam que estavam “gravemente decepcionados” com a aprovação da Lei de Igualdade pela Câmara dos Representantes, algo que os presidentes de comitês da USCCB disseram que seria “em detrimento da sociedade como um todo”.
Outros sinais de que a conferência dos bispos não está recuando de sua mentalidade de guerra cultural foram os resultados das eleições para presidentes de comitês da conferência. Em um comentário separado, Winters declarou simplesmente: “As eleições para presidentes de comitês mostraram que os moderados ainda não podem ser eleitos por este órgão”.
Mais relevantes para as questões LGBTQ são as eleições do cardeal Timothy Dolan, de Nova York, como presidente do Comitê de Liberdade Religiosa, que neste momento lidera o trabalho anti-LGBTQ da conferência episcopal, e o bispo Thomas Daly de Spokane, Washington, como presidente da Comissão de Educação Católica, que está cada vez mais ativa nas questões LGBTQ. Tanto Dolan quanto Daly têm registros negativos para questões LGBTQ.
Talvez as sessões executivas dos bispos tenham sido diferentes, mas as porções públicas na segunda e terça-feira desta semana foram desanimadoras de assistir. O encontro confirmou que a USCCB é incapaz de responder aos sinais de nossos tempos, como o Movimento Black Lives Matter, covid-19, igualdade LGBTQ e abusos sexuais na Igreja. Muitos, talvez a maioria, dos bispos dos EUA rejeitaram a visão do papa Francisco em um nível básico. Mais que isso, os bispos se inclinam cada vez mais para negar direitos iguais às pessoas LGBTQ e às mulheres. Eles abusam do conceito de liberdade religiosa para fins discriminatórios. E, ao fazer isso, eles falham gravemente em ser os líderes pastorais que os católicos e toda a sociedade dos EUA precisam desesperadamente. Além de um punhado de intervenções de figuras como o bispo John Stowe, OFM, Conv., de Lexington, Kentucky, a única boa notícia sobre o encontro dos bispos dos EUA desta semana é que poucos católicos viram isso acontecer.
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Bispos dos EUA apontam “potencial confronto” com a Lei de Igualdade LGBTQ de Biden - Instituto Humanitas Unisinos - IHU