17 Agosto 2020
Nos próximos dias zarpará de Burriana, na Espanha, o navio Sea-Watch4, que navegará por águas mediterrâneas com o objetivo de resgatar migrantes africanos que tentam chegar à Europa. O barco foi adquirido por uma coalizão coordenada pela Igreja Evangélica da Alemanha (EKD), que liderou campanha de angariação de fundos integrada por mais de 500 organismos contribuintes.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
“Não se deixa nenhum ser humano se afogar, fim da discussão”, declarou o presidente do Conselho da EKD, o bispo Heinrich Bedford-Strohm, no lançamento da missão de resgate em fevereiro deste ano, na cidade de Kiel. O antigo navio de pesquisa foi transformado em embarcação de resgate, cuja reforma está em fase final na Espanha. O covid-19 atrasou os trabalhos de reforma do navio em quase quatro meses.
Nesse ínterim, a tripulação do Sea-Watch4 está em fase de treinamento e exercícios para daqui a pouco iniciar a primeira missão. Desde o fim de todas as operações de resgate patrocinadas pelo Estado, informa o serviço de imprensa do Conselho Mundial de Igrejas, apenas navios particulares navegam pelo Mar Mediterrâneo no resgate de migrantes.
Estimativas indicam que só neste ano 400 pessoas procedentes da África, de modo especial da Líbia, em busca de refúgio em terras europeias morreram afogadas na travessia do Mediterrâneo em barcos precários e superlotados.
A chefe de operações da organização Sea-Eye, Barbara Held, declarou que salvar vidas é uma obrigação. “Do ponto de vista humanitário, bem como de acordo com a legislação marítima atual, as pessoas em perigo devem ser ajudadas sem nenhum ‘se’ e ‘mas’. Expressões vagas de bem não beneficiarão as pessoas que estão fugindo agora”, justificou.
Até fins de 2019, o Poseidon, construído em 1976 e propriedade do Estado de Schleswig-Holstein, foi usado como navio de pesquisa. Ele tem mais de 60 metros de comprimento e 11 metros de largura. Na reforma, o Sea-Watch 4 recebeu uma bem equipada enfermaria e dois botes rápidos para resgatar pessoas em barcos que estão afundando.
A coalizão liderada pela EKD engloba desde congregações e grupos de estudantes a agências de ajuda humanitária e parceiros seculares. O navio foi adquirido em leilão, em janeiro deste ano, a um custo de 1,3 milhão de euros (cerca de 8 milhões de reais), dos quais 1,1 milhão de euros foram doados pela United4Rescue.
A United4Rescue se apresenta como uma aliança que apoia o resgate de pessoas civis no mar e que conecta “todas as organizações e grupos sociais que não querem ficar de braços cruzados diante de milhares de mortes no Mediterrâneo”. Ela apoia, por meio de campanhas de doação, organizações de resgate que atuam de maneira humanitária “onde a política falha”. A organização não tem fins lucrativos e é financiada exclusivamente por meio de doações.
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Igreja lançará ao Mediterrâneo navio de resgate de migrantes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU