Sínodo se posiciona fortemente ao lado dos povos indígenas da Amazônia

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17 Outubro 2019

Por mais de uma semana, os bispos deram provas de condenação das violações dos direitos humanos.

A reportagem é de Nicolas Senèze, publicada por La Croix International, 16-10-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A voz dos povos indígenas da Amazônia é alta e clara na Sala do Sínodo.

“Confiemos à nossa Mãe os irmãos equatorianos que foram mortos, feridos, perseguidos ou feitos prisioneiros”, disse o Papa Francisco.

O papa, que no dia anterior havia dito em sua oração no Ângelus que estava “preocupado” com a situação no Equador, mencionou-o novamente no dia 14 de outubro, na abertura da oração matinal do Sínodo que marca o início da segunda semana.

A situação equatoriana é emblemática do que os Padres sinodais estão debatendo.

“O que está acontecendo no Equador pode ser aplicado a toda a Bacia Amazônica”, disse José Gregorio Mirabal, que está representando em Roma a Coordenadoria das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica.

Embora participe dos debates como auditor, ele também está de olho nos eventos no Equador, onde um acordo foi finalmente alcançado no dia 13 de outubro, depois que os indígenas se rebelaram novamente contra o governo, após a remoção de um subsídio para os combustíveis.

Lutando contra a destruição de suas terras

Foi o Fundo Monetário Internacional que solicitou a retirada do subsídio, em troca de um grande empréstimo, mas isso fez com que os preços dos combustíveis dobrassem e provocou uma onda de fúria por parte dos povos indígenas.

De fato, é difícil para os índios amazônicos deixarem de entender a abolição desse subsídio como uma chantagem mal disfarçada.

Durante anos, os povos indígenas da Amazônia lutam contra a exploração e a destruição de suas terras por empresas multinacionais de mineração.

Em Roma, durante mais de uma semana, os testemunhos dos bispos sobre as violações dos direitos indígenas ecoaram as intervenções dos Padres sinodais.

“As corporações multinacionais não hesitam em corromper as lideranças indígenas, às vezes até fazendo-os beber para conseguir suas assinaturas”, advertiu Dom Medardo Henao del Río, bispo de Mitú, Colômbia, para quem “a Igreja está cumprindo seu papel quando acompanha esses povos e ressalta as consequências da sua exploração”.

“A Igreja é a única instituição que clama para que todo o planeta desperte”, acrescentou Gregorio.

Embora não seja batizado, ele agradeceu calorosamente ao papa por ter dado voz aos povos indígenas através desse Sínodo.

“Somente o papa pode nos ajudar a nos fazer ouvir pelos novos deuses deste mundo, do Google ao FMI”, afirmou.

“Queremos que as nossas terras sejam demarcadas e queremos o fim das suas violentas invasões e de seus grandes ‘projetos de desenvolvimento’, como barragens, minas e monocultura. Queremos um fim da grilagem de terras que tem matado muitos de nós.”

Das vidas humanas às decisões

“O Sínodo nos permite ouvir vozes às quais geralmente não temos acesso no Norte”, disse Josiane Gauthier, secretária geral da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e a Solidariedade - CIDSE, um grupo de agências de desenvolvimento católicas.

“Nosso trabalho é transmitir suas demandas para que elas possam ser levadas em consideração na reflexão internacional. Trata-se de passar das vidas humanas para as decisões.”

Vários bispos insistiram no papel da diplomacia vaticana para a promoção do bem-estar das populações indígenas. Mencionou-se até a criação de um observatório internacional sobre a violação dos direitos humanos das populações amazônicas.

“O conforto do desenvolvimento é destrutivo para a vida”

“A defesa da Terra é igual à defesa da vida. Portanto, os governos locais devem pôr fim às injustiças contra os povos indígenas, que frequentemente são discriminados ou ‘expostos’, mas não considerados como uma cultura viva, com seus próprios costumes, línguas e tradições”, disse-se na Sala do Sínodo.

Também apelou-se à comunidade internacional para “pôr fim aos crimes contra os povos indígenas”.

“Essa região não pode ser tratada como uma mercadoria”, disse outro participante. “A proteção da nossa casa comum não é um objeto de propaganda ou de lucro, mas sim uma verdadeira salvaguarda da Criação, longe do ‘colonialismo’ econômico, social e cultural que quer modernizar o território impondo modelos de desenvolvimento estranhos às culturas locais.”

Como explicou Gregorio Mirabal, os povos indígenas querem “ser atores de um desenvolvimento futuro que respeite a natureza”.

“O conforto do desenvolvimento é bom, mas é prejudicial e destrutivo da vida”, afirmou. “Não queremos transformar esse desenvolvimento em um tipo primitivo de desenvolvimento, mas sim em harmonia. Mas, exatamente agora, não há harmonia.”

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