Na Amazônia, as pessoas devem vir antes dos lucros

Foto: Mayke Toscano/Secom-MT

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29 Agosto 2019

A pedido do Papa Francisco, a Igreja está comprometida com a preservação do ambiente e de seus habitantes. Os incêndios na Floresta Amazônica geraram manchetes no mundo inteiro e reacenderam o debate entre a necessidade de desenvolvimentos comerciais e a preservação do ambiente e de seus habitantes.

Um prelado, Dom Emmanuel Lafont, de Caiena, na Guiana Francesa, diz que a preservação deve ter a precedência. Publicamos a seguir, seus comentários sobre o assunto.

A reportagem é de Mélinée Le Priol, publicada por La Croix International, 28-08-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

A Igreja Católica olha em primeiro lugar para as pessoas que vivem na Amazônia. Pois, como o Papa Francisco diz na Laudato si’, “tudo está interligado”. A vida humana não pode ser separada do ambiente do qual ela depende e que ela deve proteger para proteger a si mesma.

Temos de ter uma visão holística, que leve tudo em conta: os territórios, mas acima de tudo as pessoas que vivem neles e que, de maneira pura e bonita, são seus guardiões.

Reconheçamos que, quando fomos ao encontro dos povos da Amazônia, ao longo da história, não foi acima de tudo para aprender a sua sabedoria, mas sim para nos aproveitarmos do seu território e de seus recursos. Mesmo hoje, ainda há a tentação de superexplorar essa natureza, em benefício de algumas multinacionais e às custas do bem comum.

Ao nos aproximarmos do Sínodo sobre a Amazônia em outubro próximo, em Roma, a Igreja pede uma mudança radical na nossa relação com esses povos, cujos direitos nós não respeitamos. Precisamos ouvir a sua experiência e a qualidade da relação que eles sempre tiveram – e continuam tendo – com a sua terra. A Igreja pode e deve assumir um “rosto amazônico” hoje!

A Igreja Católica também pede uma mudança radical na nossa relação com a natureza. O Papa Francisco, ao visitar o Peru em janeiro de 2018, disse que esta terra é uma terra sagrada! Então, sim, é claro, a Igreja considera a Floresta Amazônica como parte da herança universal. Assim como a Bacia do Congo ou as selvas do Sudeste Asiático.

Um desafio para toda a Igreja

Sobre todos esses assuntos, um dos grandes momentos de conscientização da Igreja foi o Concílio Vaticano II, que levou a uma multidão de encontros dos bispos do Conselho Episcopal Latino-Americano. Desde 2013, graças à experiência sul-americana do Papa Francisco, toda a Igreja se beneficiou com esse movimento.

Esse papa representa algo extremamente forte, que não deixa de provocar uma certa resistência. Mas o Evangelho sempre provocou resistência: a mensagem de Jesus é um verdadeiro desafio para este mundo onde o amor ao dinheiro e ao consumo geralmente prevalece.

Quer estejamos na Amazônia ou em Paris, é urgente que todos nós, cristãos, tenhamos um olhar espiritual sobre a Criação, e isso nos leva a uma maior frugalidade da vida.

Para o Dia da Terra, no domingo, 1º de setembro [em 2015, o Papa Francisco instituiu um Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação], eu lancei um apelo à oração e à implementação dessa intenção, que se tornou urgente diante dos incêndios desastrosos, e à preparação do Sínodo, para despertar ainda mais a conscientização de que temos de viver para preservar o presente e o futuro.

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