31 Julho 2019
O arcebispo de Munique, na Alemanha, questiona a falta de variedade entre os pregadores e quer que eles sejam mais inclusivos em relação a leigos “talentosos”.
A reportagem é de Anne-Bénédicte Hoffner, publicada em La Croix International, 26-07-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O cardeal Reinhard Marx, presidente da Conferência dos Bispos da Alemanha, admite que tem ficado “um pouco decepcionado” com algumas das homilias da sua diocese. Ele está defendendo a pregação de leigos que sejam formados e tenham um “dom”.
“Não queremos pedir a alguém que tenha um dom que fale?”, perguntou, referindo-se explicitamente a pessoas leigas com esse talento e devidamente formadas. “Não queremos pedir a alguém que tenha um dom que fale?”, enfatizou.
A pergunta foi feita pelo cardeal Marx, arcebispo de Munique, em uma reunião de leitores da sua diocese, no sábado, 20 de julho.
Segundo o site de informações da Igreja alemã, publicado pelo Vatican News em alemão, o cardeal Marx começou dizendo que estava “um pouco decepcionado” com algumas das homilias que ele ouviu nas paróquias da sua diocese, devido à falta de um trabalho explicativo sobre os textos.
“Seu verdadeiro significado não está em questão”, disse.
Para ajudar os pregadores, ele prometeu, primeiro, que o site da Diocese de Munique publicará semanalmente “uma introdução teológica aos textos bíblicos do domingo seguinte”.
Mas o presidente da poderosa conferência episcopal alemã também expressou seu desejo de “uma maior variedade de homilias”.
“Qual é a homilia do futuro? Por exemplo, abramo-nos para a possibilidade de escutar o ‘testemunho’ de uma pessoa.”
Por fim, ele considerou a possibilidade de pregação por parte de leigos que tenham esse talento e sejam devidamente formadas.
Como “os dons são diferentes”, por que “não pedimos a alguém que tenha talento para falar?”, disse.
O Concílio Vaticano II quis fortalecer o lugar dos leigos nas celebrações para marcar a participação de todos os batizados na liturgia.
O motu proprio Ministeria quædam do papa Paulo VI, em 1972, confiou ministérios aos leigos e, para esse fim, transformou duas das antigas “ordens menores” – o leitorado e o acolitado (serviço do altar) – em “ministérios estabelecidos”.
Esse status os diferencia dos ministérios ordenados (diaconato, presbiterado e episcopado). Além disso, o motu proprio deixa claro que “a instituição de Leitor e de Acólito, de acordo com a venerável tradição da Igreja, é reservada aos homens”.
Desde o século XIII – e a proibição do papa Gregório IX (1228) de que os leigos preguem – somente ministros consagrados têm a permissão de pregar na Igreja Católica. Mas não foi assim até então.
“Nos séculos X a XII, e particularmente no contexto da Reforma Gregoriana, atesta-se que o officium praedicandi era praticado de forma frutífera, especialmente dentro daqueles movimentos evangélicos leigos que se desenvolveram no início do segundo milênio cristão”, recordou Enzo Bianchi, prior da comunidade monástica de Bose, em um artigo publicado no L’Osservatore Romano em março de 2016.
Aos leitores da sua diocese, o cardeal Marx também recomendou que sua formação seja aprofundada.
“Compartilhar a palavra de Deus é uma das coisas mais importantes que fazemos na Igreja”, lembrou.
A formação pode ajudá-los a adquirir habilidades específicas, como usar o microfone ou adquirir o tom certo.
Os leitores também devem preparar os textos a serem lidos. Antes da missa, eles devem lê-los “em voz alta” e, se possível, “conhecer também os outros textos do dia”.
O cardeal Marx expressou sua oposição, no entanto, ao uso de tablets eletrônicos em um contexto litúrgico.
Segundo o site católico suíço Kath.ch, o cardeal reconheceu que lê o breviário, isto é, a Oração das Horas, apenas em um tablet. Mas, na liturgia, ele acredita que o uso de livros impressos deve ser preservado.
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Um clamor pela “homilia do futuro” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU