10 Novembro 2015
"Anuncie a Palavra em todas as ocasiões oportunas e, às vezes, não oportunas; admoesta, repreenda, mas sempre com doçura; exorte com toda a magnanimidade e doutrina. Que as suas palavras sejam simples, que todos entendam, que não sejam longas homilias", aconselhou o Papa Francisco ao novo bispo que ordenou na tarde de ontem, 09-11-2015, em Roma.
Na Basílica de São João do Latrão, no dia festa da dedicação da Basílica Catedral de Roma, a missa da ordenação episcopal de Dom Angelo De Donatis, bispo auxiliar de Roma. Nascido na Puglia, 61 anos, sacerdote desde 1980, o novo prelado foi nomeado bispo auxiliar de Roma e realizou os Exercícios Espirituais para o papa e a Cúria na última Quaresma.
E o Papa continuou:
"Permita-me dizer a você: lembre-se do seu pai, quando ficou feliz por ter encontrado perto do vilarejo outra paróquia onde se celebrava a missa sem a homilia! Que as homilias sejam precisamente a transmissão da graça de Deus: simples, que todos entendam e que todos tenham a vontade de se tornar melhores".
O texto foi publicado no sítio da Santa Sé, 09-11-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a homilia.
Irmãos e filhos caríssimos, vai nos fazer bem refletir atentamente sobre a qual alta responsabilidade eclesial é promovido este nosso irmão.
O Senhor nosso, Jesus Cristo, enviado pelo Pai para redimir os homens, mandou, por Sua vez, ao mundo, os 12 doze apóstolos, para que, repletos do poder do Espírito Santo, anunciassem o Evangelho a todos os povos e, reunindo-os sob o único pastor, os santificassem e os guiassem à salvação.
A fim de perpetuar de geração em geração esse ministério apostólico, os Doze agregaram colaboradores, transmitindo-lhes, com a imposição das mãos, o dom do Espírito recebido de Cristo, que dava a plenitude do sacramento da Ordem. Assim, através da ininterrupta sucessão dos bispos na tradição viva da Igreja, conservou-se esse ministério primário, e a obra do Salvador continua e se desenvolve até os nossos tempos.
No bispo cercado pelos seus sacerdotes está presente, em meio a vocês, o mesmo Senhor nosso, Jesus Cristo, sumo sacerdote eternamente.
É Cristo, de fato, que, no ministério do bispo, continua pregando o Evangelho de salvação e santificando os fiéis mediante os sacramentos da fé. É Cristo que, na paternidade do bispo, aumenta com novos membros o seu Corpo que é a Igreja. É Cristo que, na sabedoria e prudência do bispo, guia o povo de Deus na peregrinação terrena para a felicidade eterna.
Portanto, acolham com alegria e gratidão esse nosso irmão que nós, bispos, com a imposição das mãos, hoje associamos ao colégio episcopal. Deem-lhe a honra que se deve ao ministro de Cristo e ao dispensador dos mistérios de Deus, ao qual é confiado o testemunho do evangelho e o ministério do Espírito para a santificação.
Lembrem-se das palavras de Jesus aos Apóstolos: "Quem escuta a vocês, escuta a mim; quem despreza vocês, despreza a mim; e quem me despreza, despreza Aquele que me enviou".
Quanto a você, irmão caríssimo, eleito pelo Senhor, reflita que você foi escolhido entre os homens e pelos homens foi constituído nas coisas que dizem respeito a Deus. Episcopado, de fato, é o nome de um serviço, não de uma honra, porque ao bispo compete mais servir do que dominar, segundo o mandamento do Mestre: "O maior entre vocês torne-se como o menor, e quem governa, como aquele que serve".
Anuncie a Palavra em todas as ocasiões oportunas e, às vezes, não oportunas; admoesta, repreenda, mas sempre com doçura; exorte com toda a magnanimidade e doutrina. Que as suas palavras sejam simples, que todos entendam, que não sejam longas homilias. Permita-me dizer a você: lembre-se do seu pai, quando ficou tão feliz por ter encontrado perto do vilarejo outra paróquia onde se celebrava a missa sem a homilia! Que as homilias sejam precisamente a transmissão da graça de Deus: simples, que todos entendam e que todos tenham a vontade de se tornar melhores.
Na Igreja que foi confiada a você – aqui em Roma, de modo especial – eu gostaria de confiar a você presbíteros, os seminaristas: você tem esse carisma! Seja fiel guardião e dispensador dos mistérios de Cristo. Posto pelo Pai à frente da Sua família, siga sempre o exemplo do Bom Pastor, que conhece as Suas ovelhas, por elas é conhecido e por elas não hesitou em dar a vida.
Com o seu coração, ama com amor de pai e de irmão todos aqueles que Deus confia a você: como eu disse, acima de tudo, os presbíteros e os diáconos, os seminaristas; mas também os pobres, os indefesos e aqueles que precisam de acolhida e ajuda. Exorta os fiéis a cooperarem com o compromisso apostólico e escute-os de bom grado e com paciência: muitas vezes é preciso tanta paciência... mas o Reino de Deus se faz assim.
Lembre-se de que você deve ter uma viva atenção por aqueles que não pertencem ao único redil de Cristo, porque eles também foram confiadas a você no Senhor.
Lembre-se de que, na Igreja Católica, reunida no vínculo da caridade, você está unido ao colégio dos bispos e deve levar em você a solicitude de todas as Igrejas, socorrendo generosamente aquelas que estão mais necessitados de ajuda.
E, perto do início do Ano da Misericórdia, peço a você, como irmão, para ser misericordioso. A Igreja e o mundo precisam de tanta misericórdia. Ensine aos presbíteros, aos seminaristas a estrada da misericórdia. Com palavras, sim, mas acima de tudo com a sua atitude. A misericórdia do Pai sempre recebe, sempre há lugar no Seu coração, jamais expulsa alguém. Espera, espera... Eu desejo isto a você: tanta misericórdia.
Vigie com amor sobre todo o rebanho, no qual o Espírito Santo põe você para reger a Igreja de Deus: no nome do Pai do qual você torna presente a imagem; no nome de Jesus Cristo, Seu Filho, pelo qual você foi constituído mestre, sacerdote e pastor; no nome do Espírito Santo, que dá vida à Igreja e com o Seu poder sustenta a nossa fraqueza.
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"Que as suas palavras sejam simples, que todos entendam, que não sejam longas homilias", diz Papa Francisco a novo bispo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU