13 Mai 2019
Poucas semanas após a declaração sobre a fraternidade assinada pelo Papa Francisco e pelo imã al Tayyeb de al Azhar, o grupo Zain - uma companhia de telefonia que atua em oito países do Oriente Médio - dedica à amizade entre cristãos e muçulmanos o seu spot publicitário divulgado por ocasião do Ramadã.
A reportagem é de Giorgio Bernardelli, publicada por Mondo e Missione, 10-05-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
No mundo muçulmano o Ramadan - o mês sagrado do Islã - é a temporada televisiva por excelência e o mundo da publicidade também se adequa. Como também ocorre entre nós no Natal, as grandes empresas comerciais produzem anúncios ad hoc que vinculam a própria mensagem a esse momento específico, relançando o convite à paz e à solidariedade. Nos últimos anos - assim - aconteceu com frequência que, em ocasião do Ramadã, os anúncios falassem de temas como a tragédia da guerra na Síria, a luta contra o radicalismo fundamentalista ou o sofrimento dos migrantes.
Por esse motivo, torna-se significativo ressaltar um vídeo que está no ar há alguns dias na TV árabe. Desta vez, de fato, por ocasião do Ramadã, fala-se especificamente da irmandade entre cristãos e muçulmanos. Foi produzido pela Zain, uma companhia de telefonia do Kuwait que opera em oito países do Oriente Médio com mais de 50 milhões de clientes. A mensagem centra-se no encontro entre os fiéis das duas religiões a partir de uma oração: "faz com que sejamos como as árvores, diferentes na forma, nas folhas e nos galhos, mas unidos nas raízes".
O vídeo, em uma música de quatro minutos, conta a história de duas meninas, uma muçulmana e uma cristã, nascidas lado a lado em um hospital. De maneira simples, as orações de seus pais são relatadas; depois elas crescem e as duas meninas são vistas correndo juntas de mãos dadas. Porém, chega também o momento em que cada uma tem que lidar com os puxões daqueles que gostariam de separá-las, porque "não devemos ser amigos de outras religiões". Mas seu vínculo é forte e não banal. E então eis que cada uma delas relata que sente "punhaladas nas costas" e tem "o coração que sangra" quando o local de culto da outra é atingido. Até que as duas mulheres - agora adultas - trazem essa mesma mensagem às suas consequências, expressando uma firme condenação por aqueles que aprisionam o inocente, distorcem a verdade, traem a própria religião levantando a mão contra os filhos da outra. Até a mensagem final, cantada juntas, enquanto um coro cristão e um grupo de sufis muçulmanos se misturam entre si: "quando você se encontra em uma encruzilhada, siga seu coração e deixe-se guiar por Deus no caminho que leva à unidade".
Não é difícil perceber por trás dessas palavras a orientação da Declaração conjunta sobre a fraternidade humana assinadas em conjunto, três meses atrás, em Abu Dhabi, pelo Papa Francisco e pelo imã de al Azhar al Tayyeb. Talvez de uma forma um tanto naive, essa mesma mensagem agora está entrando em milhões de casas no mundo árabe através de um comercial, justamente durante o Ramadã, tantas vezes, nestes anos, ensanguentado pela violência dos fundamentalistas islâmicos. Em um mundo afeito a generalizações que instigam ao ódio recíproco, vale a pena pelo menos relatar esse fato.
O vídeo pode ser visto aqui.
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O spot árabe para o Ramadã sobre a amizade com os cristãos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU