13 Mai 2019
"Não é um anúncio oficial, mas irei ao Sudão do Sul quando viajar a Moçambique, Madagascar e Mauricio". O Papa Francisco fez este anúncio durante seu encontro com as religiosas de todo o mundo, respondendo à pergunta de uma religiosa do país. "Levo-o no coração".
A informação é publicada por Religión Digital, 10-05-2019. A tradução é de Graziela Wolfart.
“Se o Senhor não deu o ministério sacramental para as mulheres, elas não vão [exercê-lo]”. O Papa Francisco esfriou as expectativas sobre o futuro do diaconato feminino, diante do mesmo auditório onde, três anos antes, abriu-o: o encontro da União de Superioras Gerais, que reuniu em Roma 850 religiosas, de 80 países.
Apesar de ter preparado um discurso, Bergoglio preferiu escutar as perguntas das religiosas, e responder na hora, improvisando. Em primeiro lugar, falou dos abusos, tanto com os menores, como a violência contra as religiosas. "Poderíamos ter enforcado cem sacerdotes culpados de abuso na Praça de São Pedro, mas não teríamos resolvido nada", destacou o Papa.
Francisco pediu para “serem mais conscientes desta tragédia e caminhar todos juntos para solucionar este problema, que não se resolve da manhã para a noite”. “Leva tempo, maturidade, consciência”, acrescentou o Papa, que admitiu que “algumas organizações de vítimas não estão satisfeitas com a reunião de fevereiro e entendo muito bem por quê. Nunca esqueço o sofrimento destas pessoas. Nós, sempre perto deles, devemos caminhar dentro deste processo com seriedade e convicção”.
Sobre os abusos às religiosas, Francisco apontou que “é uma realidade séria. Sou consciente e estou informado”. Bergoglio condenou “todo tipo de abusos, os de poder, os da consciência e os de abuso sexual (...). Também os que abusam das irmãs como empregadas. Não! Isso não é assim. Não às criadas. Nenhuma de vocês se torna religiosa para ser uma empregada dos padres”.
Sobre o diaconato feminino, Francisco apontou que a comissão estabelecida terminou seu trabalho sem acordo, e com poucos progressos. "Por enquanto não posso decidir nada sem uma base teológica e histórica adequada", acrescentou, destacando a importância de “caminhar em fidelidade à Revelação. Não podemos mudar a Revelação”.
“A Revelação se desenvolve no tempo. Hoje entendemos melhor a fé, o modo de entender hoje a fé, depois do Vaticano II, é diferente de como se via antes, porque há um desenvolvimento da consciência. E isto não é uma novidade”, explicou, citando como exemplo a pena de morte, “que hoje podemos dizer que é imoral”.
“Sobre o caso do diaconato, temos que ver o que havia no início da Revelação. Se o Senhor não deu o ministério sacramental para as mulheres, elas não vão [exercê-lo]. Por isso estamos investigando a história”, concluiu.
Com relação ao futuro das congregações, o Papa pediu para cada uma “fazer seu próprio discernimento”. “Temos necessidade de discernimento. Nem tudo é branco ou preto, há cinzas”, pediu. “É preciso caminhar com a Revelação, entendido? Somos católicos. Se alguém quer ir para outra igreja é livre...”, brincou.
“Não tenham medo da fragilidade. Aproximar-se da fragilidade humana não é um ato de beneficência social, é um ato teológico”, respondeu a outra pergunta, vinculando a vocação com o cuidado da fragilidade. “Vocês carregam sobre os ombros a fragilidade de sua comunidade. Entram no coração do sofrimento... é um ministério da fragilidade”.
Ser mães? “A maternidade da Igreja, a maternidade da Virgem têm reflexo na mulher consagrada, não em outra parte”, respondeu o Papa. “Quem vê uma religiosa, vê Maria, porque é mãe na fragilidade, sem ter que parir um filho próprio”.
Com relação ao ecumenismo, Bergoglio afirmou, recordando o encontro entre Paulo VI e Atenágoras, que “sempre estão a caminho. Os teólogos se dedicam a estudar, mas nós temos que ir caminhando. Sempre a caminho, também com os pobres, com os imigrantes... é preciso ir com o outro sempre”. E nesse caminho nos encontraremos, com as obras da caridade, o ecumenismo do sangue e da vida. “Quando vemos um cristão, não importa se é anglicano, ortodoxo... estamos a caminho juntos”.
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Papa anuncia que fará escala no Sudão do Sul durante sua viagem a Moçambique e Madagascar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU