Sai a decisão do Papa Francisco sobre a renúncia do cardeal Philippe Barbarin

Barbarin. Foto: Vatican News

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20 Março 2019

O Papa Francisco acaba de tomar uma decisão aparentemente sábia, já que invoca a presunção de inocência, e o cardeal Barbarin finalmente se afasta de sua diocese em vista do impasse em que se encontra de fato.

A reportagem é de Pierre Vignon, padre que numa carta aberta pediu a renúncia do cardeal Barbarin, publicada por Change, 19-03-2019. A tradução é de André Langer.

No entanto, podemos nos fazer várias perguntas. O Papa sempre ouviu apenas o cardeal Barbarin e leu a única nota de três pontos e em espanhol de seus advogados, recusando-se várias vezes a receber dezenas de vítimas de Bernard Preynat, apesar dos seus pedidos. Por quê?

É preciso ser cego para não ver por trás desta questão uma dispendiosa operação de comunicação. O argumento principal dos antros que trabalham para ele, e que é retransmitido pelos fanáticos lioneses, é que ele é um bode expiatório que paga pelos outros. É fazer pouco caso do sofrimento das vítimas. Seria melhor olhar os cordeiros que seu pastor tinha o dever de proteger.

Diz-se que o argumento das vítimas “sofro, portanto tenho razão” não é válido, mas não nos damos conta de que não se coloca em seu sentido lógico, que é: “Sofro, portanto é você que não tem razão”.

Três questões fundamentais surgem: quem paga a conta do cardeal? Onde está Bernard Preynat e quem o está escondendo? Como ele ainda é padre?

O cardeal Philippe Barbarin conhece Bernard Preynat desde longa data, pois foi ele quem pregou, em Paray-le-Monial, no final de agosto de 1991, o retiro espiritual que o cardeal Decourtray lhe havia pedido para acompanhar após ter sido momentaneamente afastado.

Quando o Papa Francisco tenta apagar num canto da Igreja o fogo que se segue às revelações dos escândalos de eclesiásticos e daqueles que os acobertam, imediatamente as labaredas surgem em outro canto. A reforma da Igreja requer a punição dos abusos, para não falar da compensação das vítimas, mas também a punição daqueles que os acobertaram. A respeitabilidade dos bispos está arruinada: quem pode garantir que seu bispo não assumiu um compromisso na nunciatura antes da sua nomeação?

Para recuperar a credibilidade, seria bom começar com três medidas que seriam um gesto de boa vontade: solicitar à Santa Sé a revogação imediata e incondicional do estado clerical de Bernard Preynat; pedir ao Papa que receba as dezenas de vítimas; e reabilitar-me como juiz do tribunal eclesiástico, cargo do qual fui injustamente deposto.

É o reconhecimento dos lioneses que se levantam nas salas de cinema para aplaudir o filme Grâce à Dieu (Graças a Deus). Um cardeal ou um bispo não é a Igreja, o Povo de Deus. Que o Papa Francisco reencontre o povo, este é o sentido da minha reação.

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