20 Março 2019
O arcebispo de Lyon, cardeal Philippe Barbarin, há algumas horas "auto-suspenso", teve em relação ao papa Francisco, após ter sido condenado em primeira instância por ocultar comportamentos repetidos de pedofilia do padre Bernard Preynat, um comportamento, para dizer o mínimo, leviano. Após a decisão do tribunal, anunciou oficialmente que havia solicitado uma audiência com o Papa para apresentar sua renúncia. Durante dias foram urdidas hipóteses sobre o que o cardeal queria e sobre o que o papa poderia fazer.
O comentário é de Luis Badilla, jornalista, publicado por Il Sismografo, 19-03-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Formou-se a ideia de que tudo dependia do Papa e que sua decisão seria um juízo pontifício sobre "o caso Barbarin". Infelizmente, essa é a interpretação e a leitura majoritária nestas horas, também porque o Cardeal Barbarin invoca a seu favor como pensamento de Francisco a "presunção de inocência" até a promulgação da sentença final do recurso. Mas, na verdade, essa afirmação do cardeal é forçada. A declaração do porta-voz interino da Santa Sé, A. Gisotti, nem sequer menciona esse argumento.
A nota diz: "Posso confirmar que o Santo Padre não aceitou a renúncia apresentada pelo Cardeal Philippe Barbarin, Arcebispo de Lyon. Ciente, porém, das dificuldades que a Arquidiocese atravessa neste momento, o Santo Padre deixou o cardeal Barbarin livre para tomar a decisão melhor para a Diocese e Cardeal Barbarin decidiu afastar-se por um período de tempo e pedir ao Padre Yves Baumgarten, Vigário Geral, para assumir a condução da Diocese. A Santa Sé deseja reiterar sua proximidade às vítimas dos abusos, aos fiéis da Arquidiocese de Lyon e de toda a Igreja da França que vivem um momento particularmente doloroso."
A. Gisotti usa a expressão "posso confirmar" pois, antes de suas declarações em resposta às perguntas dos jornalistas, o cardeal Barbarin já havia divulgado um comunicado pessoal para difundir sua decisão e o argumento sobre a apelação que parece não fazer parte da orientação e da análise do Vaticano.
Basta um breve giro pela Rede, nestas últimas horas, para entender que contra o Papa se reverteu uma torrente de críticas e certamente amanhã será pior.
Infelizmente, o Santo Padre, assim sendo os fatos, aparece injustamente sob uma péssima luz e o que fez ou deixou de fazer serve a muitos para escrever arbitrariedades e falsidades. E por quê?
Porque o Cardeal Barbarin criou, com sua conduta durante estes últimos meses, sérios problemas e constrangimentos para o Papa e a Sé Apostólica, para toda a Igreja, que poderiam ter sido evitados se ele, meses ou semanas atrás, tivesse feito o que fez apenas hoje: retirar-se do cargo por um período de tempo prudente e adequado, sem descarregar nos ombros do Pontífice as suas ações.
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O cardeal Barbarin criou sérios problemas para o papa Francisco. Por quê? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU