Chile. Cardeal Ezzati renuncia à presidência do “Te Deum”

Cardeal Ricardo Ezzati. Foto: Church Militant

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06 Agosto 2018

O cardeal Ricardo Ezzati finalmente decidiu que não presidirá o “Te Deum” do próximo dia 18 de setembro. "Considero prudente não encabeçá-lo", apontou o purpurado em uma nota, logo após o anúncio do presidente Sebastián Piñera, de não apoiar o arcebispo de Santiago.

A informação, de forte repercussão no Chile, no final de semana, é publicada pelos jornais chilenos e aqui sintetizada e publicada por Religión Digital, 04-08-2018. A tradução é de Graziela Wolfart.

A notícia ainda é pouco conhecida, depois do que concluiu a Assembleia Plenária Extraordinária do Episcopado chileno, e depois que a Chancelaria chilena solicitou à Santa Sé, que nomeasse já o sucessor de Ezzati, que apresentou sua renúncia no último mês de maio.

É preciso recordar que no próximo dia 21 de agosto, Ezzati será interrogado pela justiça chilena como acusado na trama de abusos sexuais e encobrimento que assola a Igreja chilena. "Como pastor quero contribuir para a construção de um clima de mais confiança e de convivência nacional, e espero que esta decisão seja um passo nessa linha, que permita celebrar com maior harmonia uma data importante para o país", afirmou Ezzati.

"Ainda que me doa o fato de ser meu nome o que incite diferenças e dúvidas, quero reiterar diante de vocês meu compromisso com toda vítima de qualquer abuso. Tenho a certeza de que nunca encobri, nem obstruí a justiça e cumprirei com meus deveres de cidadão, de fornecer todos os antecedentes que contribuam à busca da verdade", concluiu.

Carta do Arcebispo da Arquidiocese de Santiago

Santiago, sábado, 4 de agosto de 2018.

Querida comunidade da Arquidiocese de Santiago:

Durante cinco dias em Punta de Tralca refletimos sobre a profunda crise que vive nossa Igreja, a qual exige de nós mudanças urgentes, partindo por uma opção concreta e preferencial pelos que sofrem. Compreendemos que devemos percorrer um longo caminho para fazer com que Cristo se engrandeça, enquanto nos apequenemos.

O Papa Francisco nos diz, em sua recente carta, que "discernir supõe aprender a escutar o que o Espírito quer nos dizer. E somente podemos fazer isso se formos capazes de escutar a realidade do que acontece a nossa volta". Após uma profunda reflexão sobre o sentido destas palavras, considero prudente não encabeçar nosso tradicional “Te Deum” pela Pátria do dia 18 de setembro.

Como pastor, quero contribuir para a construção de um clima de mais confiança e de convivência nacional, e espero que esta decisão seja um passo nesta linha, que permita celebrar com mais harmonia uma data importante para o país.

Ainda que me doa o fato de ser meu nome o que incite diferenças e dúvidas, quero reiterar, diante de vocês, meu compromisso com toda vítima de qualquer abuso. Tenho a certeza de que nunca encobri, nem obstruí a justiça e cumprirei com meus deveres de cidadão, de fornecer todos os antecedentes que contribuam à busca da verdade.

Solicitei ao pároco da Catedral, monsenhor Juan de la Cruz Suárez, que tradicionalmente recebe a comunidade e todas as autoridades na condição de anfitrião, que presida esta cerimônia republicana de caráter ecumênico, a serviço da paz e da unidade da nação.

Por intercessão de Nossa Senhora do Carmo, peço para todos nós a abundante benção do Senhor.

+Ricardo Card. Ezzati Andrello, sdb
Arcebispo de Santiago

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