11 Dezembro 2017
Um casal de pais mexicanos que chegaram clandestinamente em 1989, foi colocado dentro de um avião. Em Nova Jersey, deixam três filhos, dois com curso superior e um cursando o ensino médio, todos cidadãos americanos.
A informação é de Alberto Flores D'Arcais, publicada por Repubblica, 09-12-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eles deixaram sua própria casa, três filhos, uma vida 'americana' de trinta anos. Oscar e Humberta Campos foram obrigados a dizer adeus ao seu pessoal american dream, os últimos entre os mais de 200 mil imigrantes ilegais deportados para fora das fronteiras dos EUA apenas em 2017. Um casal de Nova Jersey, como tantos outros, imigrados por opção e para fugir da violência em seus países de origem, dois 'latinos' entre tantos milhões de pessoas como eles.
Tinham vindo de Tamaulipas - um dos mais pobres dos 31 estados do México e um dos mais violentos - há quase trinta anos, depois de atravessar (ilegalmente) a fronteira com o Texas em 1989. Encontraram a ‘América’ em Bridgeton, Nova Jersey, uma vida totalmente nova, uma casa comprada depois de muitos sacrifícios, três filhos (que, por terem nascido nos EUA são cidadãos estadunidenses) que hoje têm 24, 22 e 16 anos. Os dois primeiros (um rapaz e uma garota) graduados na faculdade, o terceiro cursando o segundo ano do ensino médio. Uma deportação igual às tantas que vêm acontecendo há anos. Iniciadas de forma mais lenta na época de George W. Bush, durante a Casa Branca de Obama tinham aumentado de forma exponencial e, com a chegada de Trump e sua retórica do Muro, estão quebrando todos os recordes.
Na madrugada da sexta-feira tiverem que dizer adeus a todos e tudo, forçados a entrar em um voo apenas de ida que os levaria de volta para sempre ao México. Quando o avião decolou do aeroporto de Newark (que está em Nova Jersey, mas também serve a Nova Iorque) eram 06:30 da manhã e a despedida dos filhos, dos amigos, das pessoas que defenderam até o fim sua batalha para permanecer nos EUA, foi devastadora. De nada serviram os discursos de importantes políticos locais, como o popular senador democrata de New Jersey, Cory Booker.
Na quinta-feira, as autoridades federais de imigração tinham negado a última tentativa do casal, o enésimo recurso contra a deportação havia sido "rejeitado", tinha anunciado entre lágrimas Arnaldo Santos, o diácono da paróquia de Santa Cruz em Bridgeton, que atuou como mediador e como guia espiritual para os Campos. Para as autoridades da imigração tiveram que mostrar que o bilhete era só de ida e, chegada a hora, foram separados dos abraços dos filhos e conduzidos ao embarque.
O casal foi forçado a assinar uma procuração para o filho mais velho, para que ela possa se responsabilizar pelo irmão de 16 anos e assumir a hipoteca da casa. Pouco antes de embarcar no voo, Oscar Campos quis dar a seus filhos os últimos conselhos, lembrar-lhe os valores do trabalho, da honestidade e da lealdade que sempre fizeram parte da vida familiar, e se despediu com uma frase: "Lutem por seus sonhos, porque a vida continua e sempre encontrarão boas pessoas que vão estar perto de vocês. Existem muitas pessoas boas, não percam a esperança".
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EUA. Nada de sonho americano: depois de 30 anos, Oscar e Humberta expulsos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU