18 Janeiro 2024
O artigo é de José Antonio Pagola, teólogo espanhol, sobre o 3º Domingo do Tempo Comum – B (Marcos 1,14-20), publicado por Religión Digital, 15-01-2024.
A rigor, Jesus não ensinou uma “doutrina religiosa” para seus discípulos aprenderem e difundirem corretamente. Pelo contrário, Jesus anuncia um “acontecimento” que pede para ser acolhido, pois pode mudar tudo. Ele já está experimentando isso: "Deus entra na vida com sua força salvadora. "Temos que abrir espaço para ele".
De acordo com o evangelho mais antigo, Jesus proclamou esta Boa Nova de Deus: “O prazo chegou. O reino de Deus está próximo. Converta-se e acredite nas Boas Novas. É um bom resumo da mensagem de Jesus: "Um novo tempo está chegando. Deus não quer nos deixar sozinhos diante dos nossos problemas e desafios. Ele quer construir conosco uma vida mais humana. Mude sua maneira de pensar e agir. Viva acreditando nesta Boa Nova.
Os especialistas pensam que o que Jesus chama de “reino de Deus” é o cerne da sua mensagem e a paixão que alimenta toda a sua vida. O surpreendente é que Jesus nunca explica diretamente em que consiste o “reino de Deus”. O que ele faz é sugerir em parábolas inesquecíveis como Deus age e como seria a vida se existissem pessoas que agissem como ele.
Para Jesus, o “reino de Deus” é a vida tal como Deus quer construí-la. Esse era o fogo que ele tinha dentro de si: como seria a vida no Império se Deus reinasse em Roma e não Tibério? Como as coisas mudariam se não se imitasse Tibério, que só buscava poder, riqueza e honra, mas Deus, quem pede por justiça e compaixão pelos últimos?
Como seria a vida nas aldeias da Galileia se Deus reinasse em Tiberíades e não Antipas? Como tudo mudaria se as pessoas não se parecessem com os grandes latifundiários, que exploram os camponeses, mas com Deus, que quer vê-los comendo e não morrendo de fome?
Para Jesus, o reino de Deus não é um sonho. É o projeto que Deus quer realizar no mundo. O único objetivo que seus seguidores devem ter. Como seria a Igreja se se dedicasse apenas a construir a vida como Deus quer, e não como querem os donos do mundo? Como seriam os cristãos se vivêssemos nos convertendo ao reino de Deus? Como lutaríamos pelo “pão de cada dia” para cada ser humano, como gritaríamos: “Venha o teu reino”?
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A paixão que animou Jesus. Artigo de José Antônio Pagola - Instituto Humanitas Unisinos - IHU