O artigo é de José Antonio Pagola, teólogo espanhol, sobre o 4º Domingo de Advento – B (Lucas 1,26-38), publicado por Religión Digital, 18-12-2023.
A história da anunciação a Maria é um convite a despertar em nós algumas atitudes básicas que devemos cuidar para viver a nossa fé com alegria e confiança. Basta-nos passar pela mensagem que é colocada na boca do anjo.
"Alegra-te". É a primeira coisa que Maria ouve de Deus e a primeira que também devemos ouvir. “Alegrai-vos”: esta é a primeira palavra de Deus a cada criatura. Nestes tempos que nos parecem incertos e sombrios, cheios de problemas e dificuldades, a primeira coisa que nos pedem é não perder a alegria. Sem alegria, a vida se torna cada vez mais difícil.
"O Senhor está com você". A alegria à qual somos convidados não é o otimismo forçado ou o autoengano fácil. É a alegria interior que nasce naqueles que enfrentam a vida com a convicção de que não estão sozinhos. Uma alegria que nasce da fé. Deus nos acompanha, nos defende e busca sempre o nosso bem. Podemos reclamar de muitas coisas, mas nunca podemos dizer que estamos sozinhos, porque isso não é verdade. Dentro de cada um de nós, nas profundezas do nosso ser, está Deus, nosso Salvador.
"Não temas". Existem muitos medos que podem despertar em nós. Medo do futuro, da doença, da morte. Temos medo de sofrer, de nos sentirmos sozinhos, de não sermos amados. Podemos ter medo das nossas contradições e inconsistências. O medo é ruim, dói. O medo sufoca a vida, paralisa as forças, nos impede de caminhar. O que precisamos é de confiança, segurança e luz.
"Você encontrou graça diante de Deus". Não só Maria, mas também devemos ouvir estas palavras, porque todos vivemos e morremos sustentados pela graça e pelo amor de Deus. A vida ainda está aí, com suas dificuldades e preocupações. A fé em Deus não é uma receita para resolver problemas diários. Mas tudo é diferente quando vivemos buscando em Deus luz e força para enfrentá-los.
Nestes tempos nem sempre fáceis, não precisamos despertar em nós mesmos a confiança em Deus e a alegria de nos sabermos acolhidos por ele? Por que não nos libertamos um pouco dos medos e das ansiedades, enfrentando a vida a partir da fé num Deus próximo?