20 Dezembro 2022
O artigo é de José Antonio Pagola, teólogo espanhol, publicado por Religión Digital, 19-12-2022.
O Natal guarda um segredo que, infelizmente, escapa a muitos daqueles que festejam “alguma coisa” nessas datas sem saber ao certo o quê. Eles não podem suspeitar que o Natal oferece a chave para desvendar o mistério supremo de nossa existência.
A palavra se tornou carne | Foto: Religion Digital
Geração após geração, os seres humanos formularam suas perguntas mais profundas em angústia. Por que temos que sofrer, se desde o mais íntimo de nosso ser tudo nos chama à felicidade? Por que tanta frustração? Por que a morte, se nascemos para a vida? Os homens perguntaram. E perguntaram a Deus, porque, de alguma forma, quando buscamos o sentido último de nosso ser, estamos apontando para ele. Mas Deus estava impenetravelmente silencioso.
No Natal, Deus falou. Já temos a sua resposta. Ele não falou conosco para dizer palavras bonitas sobre o sofrimento. Deus não oferece palavras. "A Palavra de Deus se tornou carne." Ou seja, mais do que nos dar explicações, Deus quis sofrer em nossa própria carne nossas questões, sofrimentos e impotências.
Deus não explica o sofrimento, mas sofre conosco. Ele não responde o motivo de tanta dor e humilhação, mas se humilha. Ele não responde com palavras ao mistério da nossa existência, mas nasce para viver ele mesmo a nossa aventura humana.
Belém | Foto: Religion Digital
Não estamos mais perdidos em nossa imensa solidão. Não estamos submersos em pura escuridão. Ele está conosco. Há uma luz. "Não somos mais solitários, mas solidários" (Leonardo Boff). Deus compartilha nossa existência.
Isso muda tudo. O próprio Deus entrou em nossa vida. É possível viver com esperança. Deus partilha a nossa vida, e com ele podemos caminhar para a salvação. É por isso que o Natal é sempre um chamado ao renascimento para os crentes. Um convite para reavivar a alegria, a esperança, a solidariedade, a fraternidade e a total confiança no Pai.
Recordemos as palavras do poeta Angelus Silesius: Mesmo que Cristo nasça mil vezes em Belém, enquanto Ele não nascer no teu coração, estarás perdido para o além: terás nascido em vão.
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O Natal oferece a chave para desvendar o mistério da nossa existência. Artigo de José Antonio Pagola - Instituto Humanitas Unisinos - IHU