24 Outubro 2018
Começou nesta terça-feira a leitura e a discussão entre os padres sinodais da minuta do documento final da XV Assembleia sinodal dedicada aos jovens, tendo em vista o último ato que será realizada no próximo domingo, na Praça de São Pedro, onde o Papa Francisco encerrará o evento com uma solene Concelebração Eucarística. O texto será votado em detalhes, parágrafo a parágrafo, e não em bloco como inicialmente pensado, e isso garantirá uma discussão conclusiva muito articulada.
O comentário é publicado por Il Sismografo, 23-10-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Serão os conteúdos desse documento que darão - visto da perspectiva da opinião pública - a "medida do sucesso" da assembleia sinodal. De fato, nos permitirão compreender de que forma a Igreja Católica possa ter conseguido entrar em sintonia e diálogo com os jovens católicos, mas, de maneira mais geral, com todos os jovens do mundo. Esse "entrar em sintonia com ..." (uns e outros) foi um dos objetivos pré-estabelecidos desde o início da preparação do evento.
Até o momento, depois de 17 dias de trabalho em reuniões plenárias e círculos linguísticos, não parece que os padres sinodais tenham tido uma capacidade incisiva de proposta para dar seguimento às muitas discussões nascidas, muitas vezes bastante profundas e ligadas a vários argumentos, inclusive particularmente sensíveis. Nos últimos dias, talvez por causa da delicadeza e complexidade do tema, não se ouviram vozes e propostas ousadas e criativas, como ao contrário era legítimo esperar após a exortação do Papa Francisco, reiterada em várias ocasiões, para trabalhar com coragem e liberdade, pensando não só nos jovens católicos, mas em todos os jovens do mundo.
Nesse ponto, além das perguntas sobre a capacidade propositiva da Assembleia Sinodal surge outra séria dúvida: o que dirá o Sínodo para os jovens não-católicos que, obviamente, são a maioria da humanidade? Com que recursos os jovens católicos, depois desse Sínodo, se relacionarão com as novas gerações que estão fora da Igreja, que pertencem a outras confissões religiosas, que não são crentes?
O Sínodo até agora, e sabemos que falta a parte final que pode ser decisiva, não falou aos jovens do mundo que não são católicos. Até hoje o Sínodo, e talvez estivesse previsto que seria assim, se desenvolveu em uma modalidade "interna" (intraecclesia), rigorosa e severa. As "saídas" para as periferias juvenis não foram vistas, pelo menos até agora. Talvez apareçam no documento final, mas no momento devemos constatar uma separação entre a assembleia sinodal e o vasto arquipélago das novas gerações.
É possível que a abertura aos jovens não católicos comece depois do encerramento da Assembleia, com as conclusões sinodais. Isso será visto nos próximos meses. Agora, a poucos dias do encerramento da assembleia não é assim. O todo, por enquanto, permanece em grande parte hermético e boa parte das comunicações cotidianas dos trabalhos sinodais dessas semanas permaneceram crípticas para os jovens que são estranhos ao catolicismo.
No que diz respeito ao diálogo e à conexão da Assembleia Sinodal com o arquipélago das novas gerações, parece que a presença, no Sínodo, de mais de 30 jovens não foi, por enquanto, de grande e imediata ajuda. Muitas vezes, pelo menos, a partir do que foi possível ler e ouvir, esses jovens, aqueles mais midiáticos, foram fortemente "marcados" porque no centro de sua presença e testemunho estava mais o carisma dos movimentos eclesiais de pertença e de origem que o olhar igreja toda.
Muita identidade e pouco diálogo e abertura. Muita autorreferencialidade de movimento e pouco entusiasmo em relação aos distantes, ao "outro".
Muito clericalismo e pouca coragem para romper e mudar. Há ainda um longo caminho a percorrer e talvez o Sínodo acabe por ser o primeiro passo nesse caminho urgente e necessário.
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Os últimos dias do Sínodo sobre os jovens: o que ainda pode mudar para garantir um bom resultado? Os limites que foram observados até agora - Instituto Humanitas Unisinos - IHU