17 Setembro 2018
“Tirem esses ratos da igreja; mexicanos, voltem para o seu país”, são alguns dos comentários racistas enfrentados por Francisca Lino, mexicana que há um ano vive em uma igreja-santuário.
A reportagem é de Carlos Moreno, publicada por Mundo Hispânico, 14-09-2018. A tradução é de Graziela Wolfart.
Embora a Igreja Metodista Adalberto, localizada em Chicago, Illinois, sirva como refúgio para a mexicana, para algumas pessoas parece não ser importante preservar o lugar, já que foi vandalizado com grafite e sofre ameaça de incêndio, denunciaram membros do templo para Mundo Hispânico.
Nessa igreja-santuário, Lino tenta escapar de uma ordem de deportação emitida pelo Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE, pela sigla em inglês) na qual exigiram que ela abandonasse o país em 25 de agosto de 2017.
“Eu estou [aqui] para lutar pela minha família, mas também por todas as famílias”, expressou a mãe de 50 anos que tem seis filhos, cinco deles com nacionalidade estadunidense.
O medo de ser capturada a mantém presa dentro das paredes dessa igreja-santuário, o único lugar onde as “garras” do ICE não podem alcançá-la, comentou Lino, que reconheceu que o “preço” que precisa pagar para continuar nos Estados Unidos é muito alto.
Se for deportada, Lino será enviada a uma perigosa área do México, com um grande índice de sequestros e assassinatos, asseguraram membros da igreja, que também serviu para dar refúgio a outros imigrantes sem documentos no passado.
O medo continua reprimido neste lugar que abriu espaços para acolher imigrantes sem papeis. Cada vez que alguém sai, outros se revezam para vigiar a porta. Olham para todos os lados, de dia e de noite, com medo que agentes do ICE irrompam de surpresa.
“O temor existe porque se Imigração decide entrar, não poderemos impedir-lhes, e podem me acusar”, disse Jacobita Cortés, a pastora da igreja.
Cortés mencionou que constantemente recebe mensagens racistas enviadas via telefone e por cartas, inclusive vandalizaram as portas para pintar frases que ameaçam queimar o recinto. No entanto, assegurou, a igreja-santuário continuará sua luta pela “fé que tem em Deus”.
“Estamos esperando [eles se] definirem [sobre] um pedido pela violação dos direitos de Lino”, indicou Cortés, que apontou que utilizará como argumento o fato de que a ordem de deportação da mexicana não foi emitida por um juiz de imigração, mas por um oficial.
Em contraposição, a Federação para a Reforma da Imigração Estadunidense (FAIR, pela sigla em inglês), uma organização que busca promover políticas anti-imigrantes, mostra sua preocupação pelo aumento dos lugares-santuário.
Segundo a FAIR, desde que o presidente Donald Trump chegou à Casa Branca, em novembro de 2016, o número de jurisdições “santuário” quase duplicou, já que atualmente, precisou, existem pelo menos 564 destes refúgios em todo o país.