19 Janeiro 2018
Um sinal eletrônico diz: "Não há nenhuma ameaça" em Oahu, Havaí, após um falso alerta de emergência que dizia que um míssil balístico estava apontado para o Havaí no dia 13 de janeiro. O bispo de Honolulu, Larry Silva, concedeu uma absolvição geral para cerca de 45 pessoas em um programa de formação de diáconos, em resposta ao alerta de ataque iminente de mísseis balísticos que colocou o Havaí em estado de pânico no início do dia 13 de janeiro. (CNS/Instagram/@sighpoutshrug)
O bispo de Honolulu, Larry Silva, concedeu absolvição geral para cerca de 45 pessoas em um programa de formação de diáconos em resposta ao alerta de ataque iminente de mísseis balísticos que colocou o Havaí em estado de pânico pouco depois das 8h da manhã do dia 13 de janeiro.
A reportagem é de Patrick Downes, publicada por Catholic News Service, 17-01-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Foi a primeira vez que ele realizou o rito. A absolvição dos pecados, concedida a um grupo de pessoas de uma só vez, é permitida apenas em circunstâncias graves, tais como situações de grande perigo ou morte iminente, ou para soldados indo para a guerra, quando confissões privadas são logisticamente impossíveis.
"Eu não sou a favor da absolvição geral, mas o uso foi adequado nesse caso", disse ele, em uma entrevista ao Hawaii Catholic Herald, jornal diocesano de Honolulu, em 16 de janeiro.
"Se houve alguma situação adequada para a absolvição geral, foi essa", afirmou. "Foi assustador".
Larry Silva estava em sua residência no centro diocesano St Stephen, em Kaneohe, quando o centro de gerenciamento de emergência do Havaí enviou esta mensagem para os telefones celulares de todo o Estado, às 08:07: "AMEAÇA DE MÍSSEIS BALÍSTICOS EM DIREÇÃO AO HAVAÍ. PROCURE ABRIGO IMEDIATAMENTE. NÃO É UMA SIMULAÇÃO."
O tempo era essencial. Um míssil balístico da Coreia do Norte levaria 15 a 20 minutos para atingir o Havaí.
A primeira coisa que o bispo fez foi tentar alertar um monsenhor que estava o visitando, mas o padre não respondeu ao bater na porta.
Ele então caminhou por cerca de 45 metros até o centro da capela, onde nove candidatos a diáconos e suas esposas, que tinham ido passar o fim de semana com a equipe de formação, estavam assistindo à missa.
"Pensei: 'como posso ser útil?'", disse o bispo.
Nesse momento, o celebrante, o Pe. Mark Gantley, estava no meio da distribuição da Comunhão.
O grupo já sabia que algo estava acontecendo, porque o diácono John Coughlin, diretor do programa de formação ao diaconato, mostrou um celular com a mensagem de ameaça a Gantley enquanto ele distribuía a comunhão.
Alguns pensaram que o bispo pudesse ter morrido e ficaram aliviados quando ele entrou pela porta dos fundos.
Mark Gantley continuou a missa até o fim, sem mencionar o alerta.
"Meu primeiro pensamento foi de terminar a missa", revelou. "Não vou interrompê-la."
Mas pulou a música de despedida.
Foi quando Larry, de camiseta, apareceu para dizer que daria absolvição geral a todos.
Ele decidiu abrir mão da estola e pular a liturgia que acompanha o rito.
"Pensei: "Vamos logo", disse ele.
Depois de uma breve introdução sobre o que estava fazendo, ele disse as palavras de absolvição ao grupo.
"Algumas pessoas ficaram visivelmente chateadas", disse Mark. "Lembro de ver uma mulher chorando."
Coughlin disse que uma sensação de paz seguiu-se à absolvição.
"Foi incrivelmente tranquilizador para todos", disse ele.
Eva Andrade, parte da equipe de formação de diáconos, considerou a absolvição "a mais poderosa reconciliação que já viu", acrescentando que já recebeu várias.
"Foi mais profunda e rica", disse. "Naquele momento, quando realmente não se sabe (se vai morrer ou não), o coração estende a mão para o perdão."
"Naquele momento, tudo mudou e ficou bem", declarou. "Era possível sentir a presença de Deus na sala".
Depois do sacramento, Larry Silva disse ao grupo que eles poderiam tomar café da manhã, servido na sala de jantar do edifício mais seguro do campus, uma antiga mansão com paredes de concreto de mais de 90 cm de espessura.
Trinta e oito minutos depois do aviso inicial, o centro de gerenciamento de emergência enviou uma mensagem dizendo que o perigo havia passado - o aviso havia sido um "alarme falso".
Naquela noite, a turma de diáconos em formação teve uma sessão de "avaliação de estresse por incidente crítico" não planejada que durou duas horas, liderada pelo padre John Keenan, sacerdote do Santíssimo Sacramento e psicólogo especializado em eventos deste tipo.
"Foi uma sessão muito emotiva", disse Coughlin. Uma das maiores preocupações dos casais foi que eles "estavam longe de seus filhos" durante o incidente.
"Houve uma liberação catártica", afirmou.
Além disso, observou que, por meio de um trauma, os candidatos a diáconos "aprenderam um pouco sobre ministrar aos outros".
"Agradeço a Deus por isso", disse.
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Alerta faz com que Bispo do Havaí conceda absolvição geral a grupo de diáconos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU